ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 23.06.1999.

 


Aos vinte e três dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Sonia Saraí e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Quadragésima Sétima e da Quadragésima Oitava Sessões Ordinárias e da Décima Sexta Sessão Solene. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 31/99 (Processo 1192/99); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Informações nº 99/99 (Processo nº 2038/99) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 89/99 (Processo nº 2045/99); pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99 (Processo nº 1181/99); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 90/99 (Processo nº 2048/99); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências, os Pedidos de Informações nºs 97 e 98/99 (Processos nºs 2035 e 2036/99, respectivamente) e 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99 (Processo nº 1181/99); pelo Vereador Jocelin Azambuja, o Projeto de Lei do Legislativo nº 91/99 (Processo nº 2049/99); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Tereza Franco, 02 Emendas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99 (Processo nº 1181/99). Ainda, foram apregoados Requerimentos de autoria dos Vereadores Guilherme Barbosa e João Motta, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento do Projeto de Resolução nº 54/98 (Processo nº 3452/98) e do Projeto de Lei do Legislativo nº 96/98 (Processo nº 2056/98), respectivamente. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 322 e 324/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 11/99, da Senhora Noemi de Quintana Estácio, Interlocutora da Secretaria de Estado e Assistência Social/RS. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, do dia vinte e três ao dia vinte e sete de junho do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Alberto Moesch, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Suzana Lisboa Lumertz, da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica/RS - APOHC, que discorreu acerca do trabalho voluntário realizado por essa entidade junto aos portadores de hepatite, comentando suas reivindicações na busca da ampliação do atendimento aos doentes e defendendo maior participação do poder público na busca de soluções para os problemas enfrentados pelo grupo que representa. A seguir, os Vereadores Gilberto Batista, Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel, Lauro Hagemann, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Renato Guimarães e Paulo Brum, manifestaram-se acerca do assunto abordado em Tribuna Popular, e o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Clara Fernandes Viel, Presidenta da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica, que agradeceu a oportunidade e a atenção dos Senhores Vereadores. Após, os trabalhos estiveram regimentalmente suspensos, das quatorze horas e trinta e sete minutos às quatorze horas e trinta e oito minutos. Em continuidade, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento da Vereadora Maristela Maffei, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 02/99, discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, João Dib e Renato Guimarães, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 67 e 76/99; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 74 e 77/99; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 20/99, este discutido pelo Vereador Giovani Gregol, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 66, 69, 75 e 73/99, este discutido pelo Vereador Elói Guimarães; em 4ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/99. Na ocasião, o Vereador Juarez Pinheiro manifestou-se acerca da inscrição do Vereador Giovani Gregol para pronunciamento no período de Pauta. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou retificação do Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, de Licença para Tratamento de Saúde, informando que Sua Excelência encontra-se licenciado no período de vinte e três a vinte e cinco do corrente, sendo também este o período de vereança do Suplente Alberto Moesch. Após, o Senhor Presidente deferiu Requerimento do Vereador Cláudio Sebenelo, solicitando autorização para utilizar Tempo Especial, nos termos do artigo 94, “f”, do Regimento, e prestou esclarecimentos aos Senhores Vereadores acerca das disposições regimentais referentes ao tema em questão, tendo o Vereador José Valdir manifestado-se a respeito, através de Questão de Ordem. Em TEMPO ESPECIAL, o Vereador Cláudio Sebenelo referiu-se à matéria divulgada na imprensa pelo Vereador Adeli Sell, relativa a críticas efetuadas por Sua Excelência à Fundação de Educação Social e Comunitária no dia dezesseis de junho do corrente, afirmando ter ocorrido agressividade a sua pessoa e comentando a postura que deve pautar a atuação dos Senhores Parlamentares. Também, criticou o Partido dos Trabalhadores, em especial quanto à política de saúde desenvolvida nesta Capital. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum teceu considerações acerca de Projetos de Lei elaborados pelas Casas Legislativas brasileiras na busca do integral reconhecimento da cidadania dos deficientes físicos, salientando o Projeto de Lei nº 6747/98, em tramitação no Congresso Nacional, que estabelece normas gerais para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência. A seguir, foram apregoadas a Emenda nº 03, de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/98 (Processo nº 1747/98); as Emendas nºs 01, 03, 04 e 06 de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, e as Emendas nºs 02 e 05, de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 20/99 (Processo nº 903/99). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol relatou posições assumidas por Sua Excelência neste Legislativo, em defesa da ampliação do horário de funcionamento do comércio como meio de oferecer um melhor atendimento aos consumidores. Ainda, registrou estar elaborando Projeto para facultar a abertura do comércio de gênero alimentícios aos domingos na periferia da Cidade. O Vereador Lauro Hagemann comunicou a vitória do Senhor Rui Peixoto na eleição para a Presidência Municipal do PPS, ocorrida no dia dezenove de junho do corrente, e falou sobre manifestações de apoio que vêm sendo recebidas por seu Partido em todo o Estado, motivadas pelo empenho em apresentar projetos de governo em consonância com as expectativas da população. O Vereador Antonio Hohlfeldt, procedeu à leitura de edital publicado pela Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV, dia dezenove de junho do corrente, integrante de processo licitatório para contratação de empresas prestadoras de serviços de passagens aéreas, questionando o vínculo existente entre esta Secretaria e a prestação de serviço proposta e solicitando esclarecimentos do Governo Municipal a esse respeito. O Vereador João Dib teceu críticas ao Executivo Municipal pela utilização do sistema de cartas-contratos em contratações na área da saúde, propugnando pela realização de concursos para o provimento de cargos no serviço público. Ainda, comentou legislação vigente relativa ao encaminhamento, pelo Governo Municipal, de prestação de contas a esta Casa dos recursos repassados pelo Governo Federal ao Sistema Único de Saúde. A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se à arrecadação de tributos municipais, afirmando haver evasão fiscal em virtude da transferência, de Porto Alegre para São Leopoldo, de parte da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul - PROCERGS, e questionou o fato de a Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre - PROCEMPA não pagar Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores Marcos Mazoni e Cláudio Dutra, respectivamente Presidente e Gerente de Recursos Humanos da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul - PROCERGS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn denunciou a falta de fiscalização da Prefeitura Municipal quanto aos horários de funcionamento do Brique da Redenção e quanto ao comércio ilegal observado nas ruas próximas à Avenida José Bonifácio. Também, protestou contra a demolição do prédio do Mercado Bom Fim e solicitou o apoio de todos os Senhores Vereadores para que seja evitado o despejo da Associação Cristóvão Colombo. O Vereador Guilherme Barbosa rebateu as críticas hoje feitas pelos Senhores Vereadores contra os Governos Municipal e Estadual e registrou ter sido a Companhia Carris Portoalegrense escolhida como a melhor empresa de transporte coletivo do Brasil e ter recebido do Sistema SOMA, Sistema de Ônibus Monitorado Automaticamente, o título de melhor sistema de controle do País. Na oportunidade, o Vereador Renato Guimarães formulou Requerimento verbal solicitando informações acerca da tramitação de Requerimento de sua autoria, quanto ao acompanhamento pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente de problemas observados em postos de saúde de Porto Alegre submetidos à dedetização, tendo o Vereador Antonio Hohlfeldt manifestado-se a respeito. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, com Veto Total, que, após ter sido discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Alberto Moesch, João Bosco Vaz, João Dib, Elói Guimarães, João Motta, Helena Bonumá, José Valdir, Giovani Gregol e Luiz Braz, teve suspensa sua discussão, em face da inexistência de "quorum" deliberativo. Durante a apreciação deste Projeto, os Vereadores Isaac Ainhorn, Renato Guimarães, Sonia Saraí, Cyro Martini e Paulo Brum cederam seus tempos de discussão aos Vereadores Reginaldo Pujol, João Motta, José Valdir, Giovani Gregol e Elói Guimarães, respectivamente. Também, foi apregoado o Oficio nº 332/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, comunicando que Sua Excelência deverá ausentar-se do Município no período de vinte e quatro a vinte e sete de junho do corrente, para participar do Trigésimo Oitavo Fórum da Frente Nacional de Prefeitos, em Goiânia/GO. Na oportunidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem, formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn, acerca do horário de encerramento da presente Sessão. Ainda, foi apregoada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, a qual foi encaminhada à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn e João Dib e deixou de ser votada em face da inexistência de "quorum" deliberativo, constatada através de verificação de "quorum" solicitada pelo Vereador João Dib, às dezoito horas e vinte minutos, tendo o Senhor Presidente declarado encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Pedro Américo Leal solicita licença para tratamento de saúde, no período de 23 a 27 de junho.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Pedro Américo Leal e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

Com muita honra, esta Casa recebe, novamente, hoje, no período destinado à Tribuna Popular, a Associação dos Portadores de Hepatite Crônica, conhecida como Hepatite C, de tão difícil diagnóstico e tratamento.

A Dra. Suzana Lisboa Lumertz tratará da prevenção das hepatites crônicas, necessidades e solidariedade. Está com a palavra.

 

A SRA. SUZANA LISBOA LUMERTZ: Ver. Juarez Pinheiro, 1º Vice-Presidente, Srs. Vereadores. Na condição de responsável pelo Departamento Jurídico da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica do Estado do Rio Grande do Sul - APOHC/RS, agradeço a V. Exas., mais uma vez, a oportunidade de aqui estarmos mostrando, no segundo ano de existência dessa Entidade, nossas realizações e nossos objetivos.

Gostaríamos, realmente, de estar festejando com a consecução de algumas das solicitações passadas, que constam nos Anais desta Casa. Contudo, a realidade é bem outra, uma vez que a Saúde Pública neste País não é levada em conta e as pessoas são entregues a sua própria sorte, ou melhor, à evolução de uma doença que, como já foi explicitado, pode levar à cirrose hepática e um percentual encaminhar-se para o hepatocarcinoma. Advém, daí, um grande ônus para o Estado, pelo alto custo que importa um transplante de fígado, além da dificuldade de doador e dos problemas concernentes à sobrevida do receptor. As hepatites crônicas B e C muitas vezes apresentam uma natureza “silenciosa”, e isto implica dificuldade de se conhecer um número de infectados, como também destes, inconscientemente, espalharem a doença.

A APOHC foi fundada com a finalidade de promover a união e apoiar os portadores crônicos desses vírus, criando programas de informação e esclarecimentos ao público em geral sobre tais doenças, fortalecendo movimentos de combate a essas doenças. Procura, também, prestar auxílio psicológico e financeiro a seus associados pela aquisição, com descontos, de medicamentos como Interferon e Ribavirina, quando não concedidos pela Secretaria Estadual de Saúde e Meio Ambiente, em virtude de critérios excludentes. Infelizmente, sofremos, ainda, a herança do governo passado, com as consecutivas interrupções na distribuição do Interferon, causando sérios problemas às pessoas que dele necessitam, como, também, não conseguimos que a outra medicação, que é a Ribavirina, comprovadamente eficaz no tratamento da Hepatite C, venha a ser distribuída pelo Poder Público. Contamos, atualmente, com mais de seiscentos sócios, número este que cresce diariamente, em virtude das informações dadas pelos próprios portadores e pela ampla divulgação realizada pela mídia, que nos dá total cobertura ao trabalho realizado. Somos a única entidade do Sul do País, orientando não apenas portadores gaúchos, mas de outros Estados, como os de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul entre outros, além de trabalhos dirigidos à Saúde Pública, como os realizados pela Faculdade de Psicologia de Itajaí.

Firmamos convênios com Net Lab - Laboratório Bioclínico, com a Radimagem - Diagnóstico por Imagem e com a Previne - Centro de Vacinação, além do apoio recebido do Laboratório Weinmann Ltda., que possibilitou o sucesso do evento ocorrido no dia 06 de dezembro de 1998, no Brique da Redenção, com a doação de cento e cinqüenta exames para detectar a presença do vírus B e C, o que vem demonstrar a credibilidade de toda uma atuação.

Fomos agraciados, pela Revista Imagem News, com um troféu, pelo trabalho desenvolvido no ano passado, trabalho este voluntário, que, de acordo com o pensamento da Dra. Maria Cecília Khoter, Presidente da Fundação Irmão José Otão, aqui transcrito: “A vida nos ensina que o verdadeiro dar é muito mais gratificante que o receber. A voluntária, ao dar seu tempo, seu trabalho, seu carinho, sua atenção, o faz livremente, o faz porque quer, porque deseja...”. Este é um trabalho sobretudo de apoio ao excluídos, aos menos favorecidos, ou, simplesmente, a pessoas com necessidades momentâneas, que precisam da solidariedade dos outros para enfrentar melhor as dificuldades nas quais se encontram e que não têm condições de superar sozinhas, inexistindo outros grupos de apoio que tragam alegria e bem-estar, eliminando o sofrimento de abandono e de discriminação de que, muitas vezes, estas pessoas são vítimas.

Atuamos criticamente devido ao fato de não nos movemos por interesses financeiros ou de qualquer outra ordem específica senão o desejo de construir uma sociedade melhor.

Esta é minha última contribuição pública, neste ano, à Associação. Retiro-me por motivos de ordem particular, mas não posso deixar de exaltar o trabalho de uma Direção que, com disponibilidade e dedicação, tornou essa Associação valorizada e reconhecida.

Quanto às nossas reivindicações, são as mesmas já anteriormente explicitadas, aqui repetidas e acrescidas: 1. A Associação necessita da doação de um local para instalar sua sede, podendo, assim, atender com a freqüência desejada o seu atual conjunto de sócios, com um grande número de carentes; 2. A criação de um Centro de Tratamento de Doenças Hepáticas, composto por diversos profissionais da área de gastroenterologia, com especialização em hepatologia, clínico geral, neurologia, reumatologista, psiquiatra e demais especialistas que se fizerem necessários; 3. Incluir, na lista de medicamentos excepcionais fornecidos, através de legislação própria, a Ribavirina para ser distribuída a todos os portadores da Hepatite Crônica C; 4. Projeto de Lei Municipal visando declarar de utilidade pública a APOHC/RS; 5. Inclusão, junto ao IPERGS, da necessidade de serviços médicos auxiliares - exames de laboratórios -, exames específicos - PCR e Carga Viral -, para determinação das hepatites crônicas; 6. Projeto de Lei Estadual objetivando incluir, no parágrafo 1º do artigo 158 da Lei Complementar n.º 10098, de 03.02.1994 - Estatuto e Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Sul - a doença hepatite crônica ou hepatopatia - aposentadoria por invalidez; 7. Encaminhar, através do Congresso Nacional, Projeto de Lei que inclua, no inciso XIV, do art. 6°, da Lei nº 7713, de 22.12.1988, com a redação dada pelo art. 47, da Lei nº 8541, de 23.12.1992, a hepatite crônica ou hepatopatia para isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física; 8. A promoção de uma fiscalização efetiva junto aos órgãos de Vigilância Sanitária, para que se impeça o crime de falsificação de medicamentos.

Há solicitações que nós sabemos que são de competência estadual e federal. Esperamos que tais pedidos possam ser encaminhados, através das Bancadas de cada partido, para sua esfera de competência.

O exercício da bondade com o semelhante constitui atributo exclusivo da nossa espécie e torna-se um referencial de estirpe para a condição humana. Todo este exercício, dirigido a quem dele necessita, vem a ser um gesto de doação e solidariedade, minimizando uma problemática pessoal e coletiva. Esse gesto, temos certeza, será por V. Exas. exercido.

Deixo um último pensamento: “Não importa se a vida é um bem sagrado como expressão genuína do patrimônio divino; importa saber que é irreprodutível na forma, embora perene na essência”. Construímos hoje os alicerces de uma obra que, no futuro, será edificada com mais solidez, envolvendo uma conscientização sobre a necessidade de a área da saúde ter um projeto prioritário de Governo. Um povo sem saúde é um povo infeliz e sem futuro. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Considerando as solicitações de várias Lideranças e de outros Vereadores, em face da importância do assunto abordado, da incidência extraordinária dessa questão, tornando-se um caso de Saúde Pública, da dificuldade de diagnóstico, de tratamento, e também em consideração ao grande número de portadores de Hepatite C e pessoas, familiares a eles ligados, de forma excepcional e com a autorização dos Srs. Líderes de todas as Bancadas com assento na Casa, abriremos um tempo de um minuto para que cada Bancada possa tratar do tema abordado na Tribuna Popular.

O Ver. Gilberto Batista está com a palavra.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente; Sra. Suzana Lisboa. Quero comunicar à Associação, a esta Casa e à população de Porto Alegre que tramita na Câmara de Vereadores um Projeto de minha autoria que institui a semana de prevenção desta doença, a hepatite. Queremos saudar a Associação pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo, e este Vereador, como já tem este Projeto, se propõe também a fazer um Projeto para que possa tornar a Associação de utilidade pública. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar que encontra-se presente, para honra desta Casa, a Senhora Presidenta da Associação, Clara Fernandes Viel.

Pela Bancada do PSDB, fala o Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Quero cumprimentar a minha colega, Dra. Suzana Lumertz, pelo seu magnífico discurso, por ter ressaltado o aspecto da solidariedade humana, que é fundamental neste caso da Hepatite/C, assim como das outras hepatites, especialmente hoje em dia, quando temos a chance, com o avanço tecnológico, de pisar no ano 2000 através de um transplante de fígado, que já se faz quase que corriqueiramente em nossa Cidade, e pioneiramente.

Dentro da exiguidade do tempo, receba toda a solidariedade desta Câmara por este trabalho magnífico, extensiva a toda Associação dos Portadores de Hepatite Crônica. Meus parabéns!

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Em nome da Bancada do PPB, Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, e hoje também integrada pelo Ver. Alberto Moesch, gostaria de cumprimentar a Presidenta Clara Fernandes Viel, as demais componentes da Diretoria, Eloísa Castilhos, Leda Barreto e Suzana Lisboa Lumertz, que hoje nos apresentou a situação da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica. Tendo em vista que as dificuldades que a Associação têm são de âmbito estadual, federal e municipal, acho muito importante que todos os Vereadores tentem ajudar nesse sentido, porque vai desde a distribuição de medicamentos até a sala para a sede e a declaração de utilidade pública. Então, em nome da nossa Bancada, aceite os cumprimentos pelo trabalho exitoso.

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Lauro Hagemann pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: O PPS cumprimenta a Associação dos Portadores de Hepatite Crônica e reconhece que é um dever do Estado a manutenção da Saúde Pública. Isso é um fato decorrente, mas, também, temos que reconhecer a solidariedade pessoal de cada cidadão para com os portadores dessa moléstia. Nesse sentido nós apelamos para que todos desta Casa e desta Cidade se solidarizem com a Associação, para que ela tenha bom êxito.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Carlos Alberto Garcia pela Bancada do PSB.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Falamos em nome da Bancada do PSB, em meu nome e em nome do Ver. Hélio Corbellini. Entendemos que essa temática cada vez mais deve ser abordada junto à sociedade, que ainda encara essa problemática como situação de alguns, mas nós já podemos dizer que é quase uma epidemia, hoje, o volume que está constantemente crescendo. A questão dos remédios e cuidados é importante, mas o mais importante é que em todos os segmentos da sociedade possa haver um engajamento para que uma ação profilática possa ser feita, para que, o quanto antes, essa ação possa ser concluída no nosso Município, no nosso Estado e no Brasil. O PSB é solidário a todas as ações que a Associação fizer.

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra pelo PMDB.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: É muito importante a vinda de vocês para esta Casa, porque a Saúde tem que ser tratada como uma questão de responsabilidade pública. E quando o conjunto da sociedade ainda não conquistou esse tipo de concepção, é fundamental que a sociedade se organize na defesa da Saúde. Eu acho o que vocês estão fazendo hoje, além de um benefício para os portadores de hepatite crônica, é, também, um exemplo de como a sociedade tem que se organizar na defesa desse direito básico da cidadania, que é o direito à saúde e à luta contra a doença específica a qual vocês se dedicam.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra pelo PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: A Dra. Suzana fez um pronunciamento muito incisivo, muito importante, fazendo uma série de proposições. Nesse sentido, requeiro que cópias da sua manifestação sejam distribuídas para todos os Vereadores, embora tenhamos ouvido a sua manifestação, embora a sua manifestação tenha sido televisionada pelo Canal 16. Mas nós gostaríamos que, por escrito, fosse distribuído o trabalho. Também queremos cumprimentar a Associação pelo trabalho que realiza e dizer que salvar a Saúde, seria, por assim dizer, fazer tudo, porque a sociedade e as pessoas tendo saúde, o resto, por assim dizer, se podemos dizer sem nenhuma pejoratividade na expressão, o resto nós faremos, mas a saúde é fundamental. Recebam os nosso cumprimentos pela importância da Associação, pela importância do movimento. Queremos dizer que a Saúde é dever do Estado, é verdade, mas organizações não-governamentais como essa são importantes para que se alavanque, por assim dizer, a saúde da população.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PT, o Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Em primeiro lugar, queremos fazer o registro da importância de nós ocuparmos esse espaço, de nós ocuparmos espaços junto à sociedade para podermos fazer a divulgação do problema da Hepatite Crônica e fazer com que, cada vez mais, a sociedade possa se informar e constituir formas de prevenção e de tratamento. Isso é muito importante, e o papel das senhoras, do conjunto dos militantes da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica/RS, ao virem aqui hoje, cumpre esse objetivo, que é de grande importância.

Gostaria de dizer, também, que estamos requerendo à Mesa que encaminhe à Secretaria Estadual da Saúde e à Secretaria Municipal da Saúde o pronunciamento da representação da Entidade, e também à Secretaria de Governo e à SMED, que é a Secretaria do Município que trata da questão da declaração de utilidade pública, para que o conjunto da pauta da agenda apresentada pela Associação possa ser tratado tanto pelo Governo Municipal quanto pelo Governo Estadual. Temos a intenção de fazer parceria com essa Entidade, pois, no nosso entendimento, quanto mais organizações não-governamentais destacarem esse tipo de tema, mais importante será o resultado para a sociedade. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Pelo PTB, está com a palavra o Ver. Paulo Brum.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PTB, saudamos a presença da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica do Estado do Rio Grande do Sul, na pessoa da Presidente Sra. Clara Fernandes e da Dra. Suzana Lisboa Lumertz. Nós, da Bancada do PTB, gostaríamos também de ter cópia das reivindicações colocadas agora na tribuna. Esta Bancada soma-se às suas preocupações na busca de soluções para esse grave problema que é a hepatite C. Parabéns pela sua brava luta. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Após todos esses pronunciamentos, nós entendemos que numa questão tão importante e que atinge um número tão significativo de pessoas não só nesta Cidade como em todo o País, e considerando também as dificuldades no tratamento dessa moléstia, esta Casa cumpriu, dentro de suas possibilidades, o seu papel nessa questão tão importante, no sentido de fazer com que a Cidade, que nos acompanha através da transmissão, que os Vereadores membros das Comissões que tratam desta matéria possam assim ter um maior entrosamento com a Associação e combater essa doença que, infelizmente, grassa em nossa Cidade, nosso Estado e no nosso País.

Concedemos a palavra a Sra. Clara Fernandes Viel, Presidente da Associação dos Portadores de Hepatite Crônica.

 

A SRA. CLARA FERNANDES VIEL: Eu só tenho a agradecer a esta Câmara Municipal que nos acolheu tão bem, como também no ano passado. Cada um pode compreender a necessidade de cada pessoa que está dentro de uma associação e fora de uma associação.

Muitos não compareceram, hoje, por não poder, às vezes, nem serem vistos, por preconceito, que é uma coisa contra a qual temos que lutar. E esta flor que cada um carrega significa o amor e carinho que temos que ter com a nossa saúde, com o nosso corpo, nossos órgãos, principalmente o fígado. Então, é por isso que o símbolo da Associação é a tulipa, que é uma flor linda. Muito obrigada a todos os Vereadores e Vereadoras.

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às14h38min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA

 

(05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1863/99 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que acrescenta § 2º ao art. 90 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (obrigatoriedade de encaminhamento, ao Legislativo, pelo Prefeito empossado, de documento contendo promessas de campanha)

 

PROC. 1730/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Luiz Arcari um logradouro público localizado no Bairro Jardim São Pedro. (consta abaixo-assinado no Processo)

 

PROC. 1890/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 076/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Antônio Onofre da Silveira um logradouro público localizado no Bairro Restinga. (consta abaixo-assinado no Processo)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1849/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri – DUNGA.

 

PROC. 1905/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 077/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Praça Edvino Dewes um logradouro público localizado no Bairro Teresópolis. (consta abaixo-assinado no Processo)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0903/99 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que dispõe sobre a instalação de Estações Rádio-Base (ERBs) e Mini-Estações Rádio-Base (Mini-ERBs) de Telefonia Celular e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/99, ambos de autoria do Ver. Juarez Pinheiro.

 

PROC. 1724/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/99, de autoria da Verª Clênia Maranhão, que autoriza o Poder Executivo Municipal a realizar os convênios necessários ao recebimento de pessoas perseguidas pelo pensamento e refugiados.

 

PROC. 1751/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 069/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que estabelece as condições legais para a cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza sobre todos os meios de hospedagem que prestam serviços da mesma natureza dos prestados pelos hotéis.

 

PROC. 1854/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que obriga as casas noturnas, locais de espetáculos, bingos e estabelecimentos similares, com capacidade para mais de 50 (cinqüenta) pessoas, a instalar equipamento sensor de metais e dá outras providências.

 

PROC. 1827/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/99, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera o inciso II do art. 1º da Lei nº 6998, de 10 de janeiro de 1992, que estende os benefícios da passagem escolar nos serviços de transporte coletivo explorados, concedidos ou permitidos no Município de Porto Alegre, e inciso III da mesma Lei, acrescentado pela Lei nº 7462, de 20 de julho de 1994, e dá outras providências.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 1673/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 01/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que acrescenta § 6º ao art. 116 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (Recursos financeiros para UAMPA)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria de, na Pauta de hoje, debater o Projeto do Ver. Luiz Braz, que acrescenta ao parágrafo 2º do art. 90, da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, a obrigatoriedade de encaminhamento ao Legislativo, pelo Prefeito empossado, de documento contendo promessas de campanha.

Na minha opinião, esse é um grande Projeto porque, ao mesmo tempo em que assumir o compromisso de dirigir uma Cidade como Porto Alegre, o Sr. Prefeito terá que encaminhar a este Plenário, se for aprovada a lei, o relatório das promessas de campanha.

Resguardem-se sempre as proporções das promessas, das intenções corretas, distintas, decentes, de um candidato, muito diferente da má-fé, da má política, do engodo, das promessas de campanha com o único fito no poder. Isso para se chegar ao poder e não ter um trabalho na área social dele.

O compromisso de trazer o relatório para um plenário democrático, multifacetado com a controvérsia, com o antagonismo, com o atrito das idéias, é fundamental inclusive para a cobrança do eleitorado, quando se instala um novo governo. Nós vemos hoje, nos jornais de Porto Alegre, o mesmo acúmulo de pessoas, de funcionários, de professores, na frente do Palácio Piratini, cobrando as promessas de campanha que não foram cumpridas.

É evidente que há uma promessa de campanha compatível com a realidade, que há uma promessa de campanha em que é possível a execução de projetos dentro da área ideológica da qual emerge determinada facção que conquistou o poder. Mas é também incrível a omissão dos governos com relação àquilo que poderiam fazer, com relação àquilo que sempre criticaram nos outros governos, trazendo, depois da eleição, essa dívida social incrível que nós temos, por exemplo, com relação ao desemprego, que é um fenômeno mundial, que é da responsabilidade do Governo Federal, mas que é também da responsabilidade do Governo Estadual, é também do Governo Municipal. Que empregos estão oferecendo a esta população? Quando tivemos na mão a chance da instalação de uma montadora, a chance do resgate do desemprego, essa chaga maldita que assola uma sociedade inteira, nós a vimos esvair-se pela mentira de campanha, pela falta de pudor de alguns políticos de dizer uma coisa na campanha e fazer outra logo que chegam ao poder.

Por isso, Ver. Luiz Braz, esse seu Projeto resgata em muito a cobrança que podemos fazer de um governante no momento em que ele promete, mas não cumpre. Onde estão as suas promessas de campanha? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães, para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de autoria do Ver. Eliseu Sabino pretende algumas alterações, visando a isenção da tarifa do transporte coletivo aos alunos de estabelecimento de ensino superior, supletivo de 1º e 2º graus, preparatórios e profissionalizantes localizados fora dos limites da Capital, aos residentes em Porto Alegre; aos professores e alunos de estabelecimentos de ensino localizados fora dos limites da Capital, residentes em Porto Alegre.

Tenho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, algumas preocupações nesta área. O transporte em Porto Alegre é financiado, única e exclusivamente pela tarifa. Tenho dito, o zé-da-marmita, o trabalhador, o operário, o funcionário, enfim, pessoas que utilizam o sistema de transporte coletivo é que pagam o transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre.

Tenho por norma sempre colocar-me contrário à isenção de tarifas. Isso, porque, talvez no País, a Capital que tem a faixa maior de isenção de tarifa do País. Não sei exatamente o percentual do conjunto de isenção de tarifa, mas deve andar na ordem de 13%, para as diversas situações, todas dignas do respeito e da consideração, como esta aqui também, mas, a medida que ampliamos a faixa de isenção, estamos penalizando aquele que paga. E quem é que paga? O trabalhador, o homem simples, aquele que necessita do transporte coletivo da Cidade de Porto Alegre.

Embora plausíveis as categorias nominadas para receberem a isenção, creio que temos que meditar sobre esse Projeto no sentido de termos sempre presente essa realidade: quem paga tarifa em Porto Alegre é o trabalhador. Se tivéssemos outros mecanismos de financiamentos até poderíamos examinar a ampliação da isenção. Não é o dono da empresa, não são os empresários do transporte coletivo que dão isenção da tarifa, não é a ATP; quem termina dando a isenção é quem paga a tarifa, que é o trabalhador. Aquele que todos sabemos quanto ganha!

Nós estamos vivendo uma conjuntura excepcionalíssima, que são os desempregados, que andam de ônibus, sim. Por mais que andem a pé, andam também de ônibus à procura de emprego, talvez até tirando da alimentação para pagar um ônibus.

É um Projeto que temos que começar a enfrentar, porque sobrecarrega a faixa de isenção. Temos uma série de isenções na Cidade, e contra as quais já me manifestei; há uma, feita pelo Governo Municipal, que no fim do mês isenta todos as pessoas para andar nos ônibus. Que bom que tivéssemos economicamente uma situação  em que pudéssemos fazer isso. Aquela isenção que as pessoas utilizam no final do mês é populista, trata-se de um populismo ao extremo. Vamos deixar bem claro isso, porque quem paga aquilo ali não é o Prefeito que mandou a lei, não são os empresários que têm o transporte, é exatamente o “zé-da-marmita” que vem do bairro com a sua marmita, na madrugada, indo ao trabalho. É ele que paga, muitas vezes, essas isenções. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos apregoar uma retificação na substituição do Ver. Pedro Américo Leal. O Ver. Pedro Américo Leal encontra-se em licença de saúde até domingo, com o competente documento médico. Mas o Ver. Alberto Moesch corretamente informou à Mesa e retificou a sua substituição, no sentido de que a mesma vai até o dia 25.06.99, sexta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste País se fazem leis, leis e mais leis e parece que ninguém se preocupa com o cumprimento, interpretação e com as coisas que advêm quando se apresenta um Projeto de Lei. Recentemente, eu discuti aqui que as licenças, para que acontecesse a substituição deveriam ser de sete dias. Uma das teses, defendidas por muitos dos Srs. Vereadores, é que, se fosse assim, a Câmara, durante alguns dias, não teria trinta e três Vereadores; mas, tudo bem, a licença do Ver. Pedro Américo Leal, que era de cinco dias, passou a ser de três dias.

Vereador Juarez Pinheiro, por certo, V. Exa. abrilhantará o meu modesto pronunciamento.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador João Dib, com muita modéstia, talvez eu não consiga isso, mas é apenas para informar V. Exa. que a licença do Ver. Pedro Américo Leal permanece até domingo, e a sua substituição, através do Ver. Alberto Moesch, é que será até sexta-feira. O Ver. Pedro Américo Leal encontra-se adoentado e está com atestado médico até domingo.

 

O SR. JOÃO DIB: Dizia que o Ver. Pedro Américo Leal estará licenciado e a Câmara, segundo me diziam vários Vereadores, estaria desfalcada. Portanto, se ele está licenciado, a Câmara terá trinta e dois Vereadores.

Mas, o problema não é esse: é a Lei Orgânica. Hoje, a Lei Orgânica do Município tem mais do que três vezes o número de artigos da anterior Lei Orgânica e não há uma palavra sobre a família. A Lei anterior, com pouco mais de cento e vinte artigos, tinha um capítulo sobre a família, e esta tem, mais ou menos, duzentos e oitenta.

Hoje o Ver. Luiz Braz apresenta um Projeto de alteração da Lei Orgânica, para que o Prefeito tenha a obrigatoriedade e encaminhamento ao Legislativo das propostas de campanha e dá um prazo de 30 dias para que o Prefeito faça isso. Eu faria um Projeto de Lei muito mais simples, eu diria que o Prefeito e seus Secretários deverão ser modelos de honra, de responsabilidade, de seriedade, de dignidade e de competência.

Tenho uma longa vida pública, tenho orgulho de dizer que não há quem possa me cobrar uma promessa de campanha.

Mas, agora se pretende, na Lei Orgânica, que o Prefeito, trinta dias após tomar posse, venha dizer o que ele prometeu durante a campanha. Uma das coisas que faz a maioria dos candidatos que andam por aí é esquecer o que prometeram. A Lei Orgânica, hoje, diz que é uma atribuições do Prefeito é o Plano Plurianual, que deve ser encaminhado à Câmara 120 dias após a sua posse. E essa lei do Plano Plurianual deve estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Municipal direta e indireta, para as despesas de capital e outras dela decorrentes, e para as relativas aos programas de duração continuada. Na lei não diz que são 30 dias, diz que são 120 dias. Não diz que o Plano Plurianual de Investimentos da Prefeitura deva ser o plano de promessas, e nós, realmente, estamos cheios de promessas. Alterar a Lei Orgânica para fazer esse tipo de intervenção, parece-me inócuo e despropositado. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, destaco, na Pauta o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 002/99, que acrescenta parágrafo 2º ao art. 90 da Lei Orgânica, tratando da obrigatoriedade, por parte do Prefeito, do encaminhamento ao Legislativo, de documento contendo promessas de campanha.

A origem desse tipo de proposta vem da tradição política de pensar a intervenção do Poder Público a partir de promessa, e não a partir de projeto político ou de plano de governo. Esta é a primeira questão. Há uma diferença muito grande quando se trata da velha forma tradicional de fazer política, no processo eleitoral, que é a dita promessa, no sentido literário, que chega a ser feita com a vela acesa. Quando apaga, não existe mais. Essa política não é tão usada na região sul do País; é mais usada na região norte/nordeste do País. É a história de, quinze dias antes da eleição, dizer que vai perfurar um poço d’água para o povo, e, quatro anos depois, volta ao mesmo lugar, dizendo que vai perfurar o mesmo poço, assim agindo durante vinte, trinta anos.

Na realidade, temos uma divergência de fundo com um tipo de proposição como essa, que é como se trata a questão da intervenção do candidato, da intervenção do partido político no processo de disputa eleitoral. O que se tem que apresentar ao conjunto dos cidadãos de uma cidade, ao conjunto dos eleitores de uma cidade não são promessas, são projetos políticos, são propostas que, na sua grande maioria, nas questões macro, nas questões estratégicas, têm que estar contidas nos programas partidários. É esse o salto de qualidade que temos que dar na relação do partido político, dos partidos que buscam o poder. Temos que parar com essa relação do homem, que vai lá e promete passar para uma relação de partido político, onde o partido apresenta o seu projeto para a sociedade.

Gostaria de destacar uma questão: no apagar das luzes do último Governo Federal, pergunto qual era a proposta apresentada por esse Governo? A proposta era a de que tínhamos uma moeda equilibrada, com força, sustentada. Quinze dias após a vitória do atual Presidente, ele estava, juntamente com a sua equipe, em Nova Iorque, na sede do Fundo Monetário Internacional, negociando a desvalorização da moeda. Isso é falsear, é mentir em relação ao projeto que apresenta para a sociedade. O Presidente Fernando Henrique Cardoso apresentou à sociedade, no processo eleitoral, um projeto econômico que dizia que a moeda era forte. Os adversários diziam que haveria desvalorização da moeda, que havia uma crise econômica, e ele sustentando no papel, no projeto político.

Temos que cobrar dos nossos Executivos Municipal, Estadual e Federal o projeto político do seu partido, da coligação que ganhou o Governo; não promessa de candidato. Aí, no projeto político apresentado à Nação, apresentado ao País, o Presidente dizia que não haveria desvalorização da moeda. Quinze dias depois, esse mesmo Presidente, hoje cai nas pesquisas, desaba morro abaixo junto à opinião pública, porque não cumpriu o seu projeto político, não cumpriu a sua palavra no momento que disse que a moeda não seria desvalorizada.

Portanto, projeto como esse não pode ter acolhida nesta Casa. Não podemos fazer demagogia dizendo que vamos cobrar promessa, temos que cobrar projeto político de todos os Partidos que têm assento nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O próximo orador inscrito é o Ver. Carlos Alberto Garcia. Ausente. O Ver. Gilberto Batista. Ausente. O Ver. João Bosco Vaz. Ausente. O Ver. Giovani Gregol é o próximo inscrito.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, logo após o Ver. Giovani Gregol ter-se inscrito, inscreveu-se o Ver. Reginaldo Pujol. Nós verificamos que o Ver. Giovani Gregol ainda não havia sido empossado; sendo assim, aquela inscrição não tem valor.

 

O SR. PRESIDENTE: A decisão mais democrática, no entendimento desta Presidência é a de, se o Ver. Reginaldo Pujol não estiver presente, o próximo inscrito será o Ver. Giovani Gregol.

Então, o próximo inscrito é o Ver. Reginaldo Pujol. Ausente

Peço desculpas, mas quero deixar claro aos telespectadores. Em primeiro lugar, este Vereador estava numa representação junto ao Seminário Estadual de Educação, por isso se atrasou.

O Ver. Juarez Pinheiro, que presidia a Sessão, informa-me que o Ver. Giovani Gregol ainda não assumiu nesta tarde, então temos que dar posse a S. Exa., na vaga da Vera. Maristela Maffei.

A Vera. Maristela Maffei solicita licença para tratamento de assuntos particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: foi aprovado o Requerimento de licença da Vera. Maristela Maffei e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. Giovani Gregol está com a palavra para discutir a Pauta..

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Saúdo V. Exa. que, neste momento, pode usar a tribuna desta Casa como um homem preparado em relação aos assuntos da Cidade, dizendo que V. Exa. e o Ver. Alberto Moesch estão assumindo, estão-se investindo na condição de Vereadores porque não foi aprovada uma conservadora medida que impedia que os Suplentes assumissem, caso a licença do titular fosse menor que sete dias. Obrigado.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Obrigado Vereador. Ver. Nereu D’Ávila, meu colega e amigo, V. Exa. agiu corretamente - aliás, como sempre nesta Casa -, assim como entendo que o meu nobre companheiro e colega, Ver. Juarez Pinheiro, também agiu com a sua proverbial competência. Quero também fazer eco à manifestação do Ver. Isaac Ainhorn no sentido de cumprimentar e saudar, sem prejuízo dois demais, o Ver. Alberto Moesch, meu amigo pessoal e companheiro de tantas batalhas e lutas pela ecologia, pela preservação do meio ambiente, que só vem qualificar e engrandecer esta Casa.

Falando no Ver. Juarez Pinheiro, quero justamente comentar o seu Projeto de Lei. Eu falava da competência, do estado de alerta do Vereador que, com esse Projeto nº 020/99, vem legislar sobre uma questão muito importante, que chegamos um pouco atrasados, mas com a aprovação futura desse Projeto, certamente nós vamos compensar a lacuna que é a regulamentação das estações de rádiobase da telefonia celular.

Os telespectadores que estão-nos ouvindo, agora, se antenem, literalmente, nisso, porque se você cidadão, telespectadores, espectadores, se qualquer um de nós, seres vivos, seres humanos e até outros seres também são afetados, todos os seres vivos são maleficamente afetados por essas torres e outros equipamentos menores que até são mais perigosos, Ver. Elói Guimarães, porque não parecem tanto, não chamam tanto a atenção, esses verdadeiros paliteiros em que se transformou o Município de Porto Alegre, se você tem residências, seja, unifamiliar, seja num condomínio, enfim, apartamento, casa, a menos de trinta metros, eu já me preocuparia mais até, mas pelo menos a norma européia que parece que é aquela que inspirou, corretamente, o Vereador autor do Projeto, você passe a se preocupar, porque o tipo de onda, aliás, qualquer onda eletromagnética dependendo da distância da fonte, dependendo da sua intensidade, do tempo de exposição é perigosa, até uma onda de rádio, não sei se vocês sabem que funcionários que trabalham em estações de radiofusão, não estúdios, lugar onde a onda efetivamente, qualquer tipo de onda, seja de rádio ou de televisão e assim por diante, além de terem insalubridade máxima, não podem trabalhar mais de seis horas, ou conforme o caso, a potência, quatro horas por dia, na normal, já conhecidíssima, tão antiga, onda de rádio. Em relação a telefonia celular isso se agrava muito mais, porque o tipo de espectro, não vamos entrar aqui na física eletromagnética que é um pouco complicado, mas a freqüência da onda que é o que define, essas ondas são todas da mesma natureza, são eletromagnéticas, é a faixa de freqüência que define o tipo de onda, essa onda é um tipo de microondas, sim, alguém vai dizer, então é igual aquela que eu tenho no meu microondas, é muito parecida, tanto que você sabe que o forno de microondas tem que estar inteiramente fechado, porque se qualquer réstia da chamada microonda que é uma freqüência do espectro eletromagnético, sair do chamado equipamento de microondas, que hoje muitos têm em casa, ele corre um grande perigo.

E essas estações estão emitindo esse tipo de onda em grande quantidade, e isso tem que ser regulamentado. Não só em residências, mas em creches, hospitais e instalações congêneres, enfim, em todo o tipo de atividade humana que reúne pessoas fracas, frágeis, doentes ou grandes populações.

E, no entanto, essas empresas que começaram a instalar no Brasil inteiro esse tipo de equipamento, que nos seus países de origem, como na Europa e Estados Unidos, cumprem uma legislação draconiana, não falaram nada para ninguém. Por isso, age muito bem o Ver. Juarez Pinheiro.

Para terminar, Sr. Presidente, gostaria de dizer que não só a emissão dessas ondas constitui perigo aos seres humanos, conforme a distância e o tempo, como a recepção dessa mesma onda, também, porque a onda é a mesma, tanto a que é emitida quanto a que é recebida pode, não com tanta intensidade, constituir perigo. Portanto, aqueles que gostam ou que são obrigados, eventualmente, por razões profissionais, a usarem celular, a fazer visitas ou ficarem 15, 20, 30 minutos ou até duas horas com o celular, cuidado, vocês podem estar se auto-transformando numa antena receptora de microondas e podem sim - está cientificamente comprovado - estar afetando o seu corpo, principalmente, o cérebro, que talvez seja, junto com o coração, a parte mais nobre do corpo humano. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: (Lê.) “Senhor Presidente. Solicito a Vossa Excelência que se digne autorizar o Tempo Especial, previsto no artigo 94, alínea “f” do nosso Regimento, para uso deste Vereador.

Relaciona-se tal pedido ao gravame pessoal que o signatário foi vítima por parte de um Vereador desta Casa, redigindo e enviando, de seu gabinete, matéria aleivosa à sua dignidade e a do exercício parlamentar, para divulgação nos órgãos de imprensa local.

Considerando ser este um fórum de contraditório intenso, de antagonismo político; considerando a forma solerte como foi desencadeada e feita a notícia da autoria do referido Vereador, direto para a imprensa, sem tê-lo feito no Plenário, onde a chance de resposta seria outra; considerando-se a escalada de violência verbal desencadeada, próxima a um desforço físico previsível, com nítida tendência ao recrudescimento;  considerando-se a necessidade imperiosa do zelo pelo decoro parlamentar; considerando-se a exigência de respeito aos seus pares, particularmente a este Vereador, que tem pautado a sua conduta por uma oposição enérgica, sem omitir jamais a compreensão da grandeza e das tradições da Câmara Municipal de Porto Alegre; encarece ao Exmo. Sr. Presidente o atendimento imediato do pedido acima. Sala das Sessões, 21 de junho de 1999. Atenciosamente, Cláudio Sebenelo, Vereador do PSDB.”

Eu solicitei que o Vereador fizesse por escrito este ofício por um detalhe muito importante. Esse assunto já foi consagrado pela Comissão da Justiça e pela Procuradoria. A concessão de Tempo Especial fica inteiramente à discricionariedade da Presidência.

Na oportunidade, quando foi suscitada essa questão, eu disse que daria parcimoniosamente a concessão desse tempo. Esclareço que a nota do Ver. Adeli Sell, no seu âmago, no meu entendimento, trata a palavra ignorante, no sentido de ignorar. Mas a imprensa, também dentro de um direito absoluto, que não está sendo questionado e nem poderia sê-lo, colocou na manchete que o Ver. Adeli Sell chamou o Ver. Cláudio Sebenelo de ignorante. Verdadeiramente, para quem lê, o impacto é realmente negativo, embora eu justifique a posição do Ver. Adeli Sell e da imprensa. Como não fui eu o atingido, e o Ver. Cláudio Sebenelo, pelo ofício, proclama que se acha ofendido na sua dignidade pessoal e argumenta, esta Presidência vai-lhe conceder Tempo Especial,  tendo em vista que ele considera um gravame.

Como foi feito por escrito, a meu pedido, para que o Vereador não se sinta agravado e tenha a oportunidade de formular a sua contestação, nós vamo-lhe conceder Tempo Especial. Agora, nós não queremos com isso que fique aberto o precedente para que a cada situação que um Vereador se achar agravado, que o Tempo Especial seja usado.

Esta Presidência vai usar sempre esse critério, de que seja feito por escrito; eu levei quase 48 horas para essa decisão. Informo isso aos Srs. Vereadores, para que saibam o que levou esta Presidência a este deferimento, é uma consideração que estou dando aos meus nobres pares pela decisão tomada.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, entendo a preocupação cautelar de V. Exa., no sentido de lembrar que em outras situações assemelhadas não será deferido este tipo de solicitação. No entanto, quero registrar que em situações idênticas a essa vai ficar sempre a possibilidade de um tratamento isonômico.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. não entendeu o que eu disse. Não disse que vou denegar. O que eu disse é que o critério será sempre este: por escrito, e em 24 horas eu avaliarei, mas não quero que a qualquer nota da imprensa os Vereadores queiram usar o Tempo Especial, dizendo que foram agravados. Não disse que vou denegar, disse que pretendo ser isonômico.

Em Tempo Especial tem a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Lê.) “A mesma preocupação de estabelecer limites, dizendo “não” às crianças deverá ser aplicada a certos adultos que ainda não perceberam os limites sadios da convivência social.

Inclusive o adulto que ostenta, simplório, o seu diploma universitário “com louvor” e, quem sabe, até com “estrelinhas” e com “brilho”.

Tal atitude evidencia uma conduta regressiva, inadequada à idade e ao papel de um homem público.

Ao ser flagrado ultrapassando os limites do socialmente aceitável, tenta encobrir a intenção maldosa, dando outro significado ao adjetivo, inicialmente de claro conteúdo agressivo e pejorativo.

Supõe que assim poderá desclassificar seu opositor. Usa a mídia, à qual tanta aversão ideológica demonstra. Esquece que os outros existem, que têm sensibilidade e inteligência para perceber uma manobra que, antes de ofender, revela toda a inépcia da sua estratégia, colocando-o em constrangedora posição. Se expõe ao ridículo, e evidencia a sua falta de ética na política e a ausência de polidez nas relações.

Exatamente, Vereador Dr. Nereu D’Ávila, no momento em que essa Presidência, a cada reunião, faz observações quando, por ato falho, por descuido de cada um de nós, na tribuna, esquecemos o tratamento formal parlamentar que nos assegura uma certa distância do vulgar ou de eventual tropeço no decoro.

Há dois anos e meio freqüentamos esta Câmara e, como exigência mínima do processo democrático, convivemos com os mais diferentes matizes ideológicos, diariamente, lado a lado e à disposição, até para enfrentarmos eventuais esclarecimentos, e enfrentamentos com a maior facilidade.

Quaisquer dúvidas poderão ser elucidadas pelos anais taquigráficos.

Por que a necessidade de se buscar na imprensa as manchetes inatingidas pelo seu próprio trabalho, tentando alcançá-las agredindo e colocando os seus próprios defeitos nos colegas de parlamento?

Atacar um governo, um programa de ação, um partido, um projeto, em termos enérgicos, é compreensível e tem sido a tônica do trabalho deste Vereador, usar o aspecto aleivoso de uma palavra, baixar o nível pessoal, sem a coragem de assumi-lo, longe da chance de resposta, não será esse o terreno a que descerei para responder a uma tentativa de ataque, quando o agressor, por suas dificuldades intrínsecas, projetadas, perde a noção do ideológico e confunde-a com o pessoal.

Ter o senso dos limites é próprio dos seres desenvolvidos, adultos e maduros. Sua perda é a regressão ao infantil. Ao primitivo.

Se esta escalada de manifestações verbais, que decaem até a violência, se não for contida, de imediato, se contra ela perdemos a capacidade de indignação, dentro de pouco tempo, a pequeníssimo prazo, estaremos engalfinhados no desforço físico, igualando-nos à barbárie regressiva e dando à sociedade que representamos os piores exemplos que têm arremessado nossos conceitos ao mais baixo dos degraus.

Quero reiterar o que afirmei da tribuna, que o Partido dos Trabalhadores não possui uma política municipal de saúde adequada às necessidades mínimas de Porto Alegre e que esqueceu de incluir no carimbo que usa, há anos, na rubrica Saúde, um segmento da sociedade que avança em necessidades com o decorrer do tempo: o idoso. Se esta crítica deve ser contestada, que o seja. Mas não de forma grosseira, como o foi.

Assim, este caminho escolhido pelo populismo demagógico, a negação de seus problemas, a publicidade às custas do trabalho alheio, o “xaroposo” auto-elogio, a exclusividade da decência, a ambigüidade com ganhos secundários, tem seus dias contados como ideologia. E, certamente, terá o permanente repúdio desta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu encaminhava a votação de um Projeto de Lei enviado a esta Casa pelo Sr. Prefeito, que dispõe sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas, edificações e logradouros de uso públicos, e dá outras providências. Projeto esse que foi votado e aprovado por unanimidade por esta Casa, sancionado pelo Sr. Prefeito Municipal, no dia 9 de junho de 1999. Naquele momento eu fiz menção sobre Projeto semelhante a esse em nível nacional, na amplitude nacional, que estava sendo apreciado na Câmara dos Deputados em Brasília. Pois bem, Sr. Presidente, naquela época mencionei que a Casa de Porto Alegre, a Câmara Municipal estava escrevendo história na luta das pessoas portadoras de deficiência.

Eu volto a esta tribuna para dizer, mais uma vez, que nós estamos comemorando mais uma vitória na nossa luta. Nós, no dia 5 e 6 de maio estivemos representando esta Casa, no Encontro de Parlamentares Portadores de Deficiência, lá no prédio da Câmara dos Deputados Federais em Brasília. Naquele momento estivemos visitando o Deputado Federal Nelson Marchezan. E quero, aqui, de público, render os meus agradecimentos ao Ver. Antonio Hohlfeldt que possibilitou o nosso encontro. Naquele instante, os encaminhamentos que fazíamos era de que fosse apreciado, em regime de urgência, o Projeto Lei nº 6747/98, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. O nosso querido Deputado Nelson Marchezan prontamente colocou a sua assessoria à nossa disposição. No mesmo dia foi feito um Requerimento para que o Congresso apreciasse em regime de urgência essa matéria.

Sr. Presidente, tenho a grata satisfação de apresentar, em mãos, uma correspondência que recebi, ontem, do Deputado Nelson Marchezan, dizendo que o nosso Requerimento foi aceito e que o Congresso Nacional, no dia 17 de junho de 1999, em regime de urgência, numa Sessão Extraordinária, apreciou o Requerimento do Deputado Nelson Marchezan e aprovou o referido Projeto. Portanto, mais uma vitória na luta que as pessoas portadoras de deficiência vêm travando, há longos anos na busca do reconhecimento da plena cidadania das pessoas com deficiência.

Nós queremos registrar que isso, para nós que lutamos e que estamos envolvidos nesta luta, é um momento, sem dúvida a importância desse Projeto, a importância dessa lei, que agora vai ser apreciada pelos Srs. Senadores, é de que, a partir da publicação da referida lei, nós estaremos banindo de vez todo tipo de barreiras que porventura venham a dificultar o pleno acesso das pessoas com deficiência à sua cidade, à comunidade em que vivem. E vai mais além. Esse Projeto de Lei prevê que caberá ao CORDE estabelecer, inclusive, uma dotação orçamentária para que se possibilite a adaptação dos meios e acessos que venham a facilitar a vida de um cidadão portador de deficiência, que caberá ao órgão responsável pela coordenação da política habitacional regulamentar reserva de até 3% de todas as habitações para o atendimento da demanda das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Queremos relatar que estivemos em Brasília representando esta Casa, e, como sempre, Sr. Presidente, buscamos representá-la da melhor maneira possível. Deixo o registro para os Anais da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apregoamos a Emenda nº 3 ao PLCL nº 11/98, Processo nº 1747/98, que dá nova redação ao artigo 29 da Lei Complementar 284/92, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre e dá outras providências.

A Emenda é da Bancada do PSB, assinada pelo Líder, Vereador Carlos Alberto Garcia, e pelo Vereador Hélio Corbellini, e dá nova redação ao parágrafo 2º do artigo 29 do Projeto em tela, nos seguintes termos: “Os proprietários de terrenos não edificados, baldios e vazios urbanos, que já se encontram fechados ou cercados por muros, ficam desobrigados ao disposto nesta Lei”.

As demais Emendas são todas referentes ao PLL nº 20/99, Proc. 903/99, que dispõe sobre a instalação de estações radiobases e miniestações radiobases de telefonia celular e dá outras providências. São Emendas ao Substitutivo nº 01.

Emenda de nº 01, do Ver. Juarez Pinheiro; Emenda nº 2, do Ver. Cláudio Sebenelo; Emenda nº 03, do Ver. Juarez Pinheiro; Emenda nº 04, do Ver. Juarez Pinheiro; Emenda nº 05, do Ver. Cláudio Sebenelo e Emenda nº 6, do Ver. Juarez Pinheiro. Essas são as Emendas apregoadas.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É evidente que, ao assumir a tribuna, ainda sob o efeito do pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo, em que pese o assunto que nos traga a esta Comunicação de Líder ser diferente, eu não posso deixar de prestar a minha solidariedade ao companheiro.

Mas, o que me traz, efetivamente, à tribuna, Sr. Presidente, é uma situação que me sinto no dever de colocar de forma muito ampla para que não possa ser objeto de dúbias interpretações. Não desconhece esta Casa que nós sempre primamos a nossa atuação com posições muito firmes, muito claras, somos homens de convicções moldáveis, é bem verdade, não somos apegados aos fatos e às posições como se elas fossem imutáveis, porque isso não se enquadra nos nossos conceitos e na nossa postura como representantes públicos.

Nesta linha, Sr. Presidente, logo que chegamos, logo que retornamos a esta Casa, no ano de 1996, nós bradávamos que não compreendíamos o fato de a Cidade de Porto Alegre ainda não ter estabelecido a liberdade de comércio e que não tinha-se facultado aos comerciantes desta Cidade trabalharem naqueles momentos onde o objeto da sua atividade se manifestasse interessado nessa ocorrência.

O objeto da atividade do comércio é, sem dúvida nenhuma, o consumidor, que é a quem se dirige a se destina essa atividade.

Chegamos até, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a fazer um Projeto de Lei neste sentido, facultando a abertura do comércio aos domingos, em duas oportunidades, num calendário que estabelecíamos como primeira tentativa de liberar essa atividade em dias especiais, que são, em última análise, aqueles que, anualmente, acabam ensejando a abertura do comércio através de negociações fastidiosas que ocorrem entre inúmeros segmentos que participam do problema, obviamente, sem que o consumidor seja ouvido nesse sentido.

Surpreendemo-nos, na ocasião, que até pessoas vinculadas ao comércio, líderes de atividades comerciais, quem nós esperávamos que fossem solidários conosco, acabaram-se posicionando contrários, porque se interessam em manter esse estágio em que a negociação coletiva se transforma em bandeira para que eles se mantenham nas suas posições, nos seus respectivos sindicatos. Mas a situação, Sr. Presidente, se agrava a cada semana que passa.

Nós sabemos que há uma área de Porto Alegre, Vera. Tereza Franco, onde o comércio, a rigor, só tem um dia para trabalhar, que é aos domingos.

V. Exa. imagine, Vera. Tereza Franco, se os supermercados que foram surgindo, ao longo do tempo, na Vila Restinga, tiverem que fechar nesse dia!

Onde os moradores da Vila Restinga vão poder, naquele dia, fazer o seu rancho, comprar os seus alimentos, satisfazer as carências da sua subsistência familiar?

Eu cito a Restinga, porque é um exemplo mais do que cristalino e isso ocorre em toda a periferia de Porto Alegre.

O que ocorre hoje, e é isso que me revolta, é que, para atender aos consumidores, o comércio que ousa abrir na Restinga, no fim de semana, no Parque dos Maias, Belém Novo, na Lomba do Pinheiro, sistematicamente é inflacionado pela Delegacia Regional do Trabalho, que opõe multas pesadas, que, muitas vezes, representam todo o rendimento diário da atividade daquele pequeno estabelecimento de varejo ali estabelecido. Isso determina que, hoje, grande parte dos estabelecimentos comerciais não mais tentem abrir a sua loja aos domingos, o que faz com que a comunidade fique relegada a uma situação absolutamente inadequada, quando não compelida a ir buscar o seu abastecimento em grandes estabelecimentos comerciais, que, por serem organizados, por terem grandes estruturas, conseguiram, via judicial, a possibilidade de abertura aos domingos.

Então, Sr. Presidente, eu quero anunciar, tranqüilamente, que já solicitei à minha assessoria, que está ultimando um Projeto de Lei que vai facultar a abertura do comércio na periferia de Porto Alegre aos domingos: o comércio de gêneros alimentícios, especialmente nas áreas superatacadista e supermercadista. Nós estamos redigindo este Projeto de modo que fique bem claro que nós queremos fazer isso com uma ponta-de-lança para quebrantar uma resistência insuportável.

A questão das competências já está superada: todas as Cortes de Justiça especializadas reconhecem a competência do Legislativo Municipal para legislar sobre esta matéria. Nós, da Bancada do PFL, com o conhecimento que eu tenho da Restinga, com o conhecimento que o Ver. Gilberto Batista tem do Sarandi e de toda a Zona Norte de Porto Alegre, estamos agregando elementos para propor, com a brevidade devida, este Projeto de Lei, que, nós esperamos, tenha a acolhida, a sensibilidade de todos os integrantes desta Casa. Não se podem tratar situações desiguais de forma igual, porque isso é uma forma de desigualar, e nós não queremos desigualar a periferia de Porto Alegre, que precisa ter a oportunidade de abastecimento, que, equivocadamente, lhe é negada, pelo tratamento desigual oferecido: um exagero de fiscalização na periferia e a conseqüente omissão no perímetro central, onde as coisas ocorrem, por estranho que pareça, com a maior facilidade.

Era isso que eu tinha para dizer, nesta Comunicação de Líder, em meu nome e no do Ver. Gilberto Batista. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em Comunicação de Líder pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, cumpro o grato dever de comunicar a esta Casa que, numa reunião realizada no último fim-de-semana, o PPS municipal elegeu o seu novo Presidente. A escolha recaiu numa figura pública da mais alta qualificação: o médico cardiologista, Dr. Rui Peixoto.

O Dr. Rui Peixoto é o novo Presidente do PPS Municipal.

Nessa direção o nosso Partido pretende se estruturar para a campanha municipal do ano que vem. Nos aprestamos para concorrer com os demais partidos políticos à sucessão municipal.

Esta reestruturação do PPS de Porto Alegre vem num instante muito importante para nós. No último fim-de-semana o Data Folha fez uma pesquisa apontando Lula e Ciro Gomes como os prováveis candidatos, se a eleição fosse nesta hora, de irem os dois para o segundo turno de uma eleição presidencial.

Ainda estamos longe de 2002, mas o PPS vem recebendo impressionantes manifestações de apoio ao seu projeto político, vindo de todas as partes deste Estado. E aumenta a nossa responsabilidade, e, consequentemente, a nossa expectativa em relação ao projeto de uma frente centro-esquerda que preconizamos desde a candidatura presidencial de Ciro Gomes. Estamos empenhados na construção deste projeto e vamos perseguir este objetivo. Claro que as tratativas estão sendo complicadas, mas esperamos que o bom senso predomine, porque o País está chegando a um extremo de ingovernabilidade, de insatisfação social, de insatisfação econômica, política em todos os setores. Há uma crise na saúde, na educação, há desemprego. Existe uma crise em todos os setores, e uma crise moral, decorrente do não-cumprimento de promessas e de insatisfações, que estão sendo sentidas. Não sei que coisa que estamos vivendo! Tudo se faz pelo lado avesso! A sociedade brasileira está de pernas para o ar; ninguém se entende, e isso é muito ruim numa hora como esta. Eu tenho dito - e repito -: os exemplos históricos estão aí: foi em caldos de cultura como esse que estamos atravessando, que em outros lugares do mundo, em outras épocas, se produziram nefastas ditaduras. Isso a sociedade precisa ter bem presente. Se os nossos homens públicos, hoje, não souberem comportar-se adequadamente nós estaremos caminhando para um terreno muito perigoso.

Por isso, faço esta Comunicação com grande alegria: o Dr. Rui Peixoto foi escolhido como novo Presidente do Diretório Municipal do PPS e, como tal, nós iremos comportar-nos e construir um partido, dentro das nossas possibilidades, que possa ajudar a levar adiante essa idéia magnífica, que estamos construindo, de transformar a sociedade numa direção sempre melhor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesta Comunicação de Líder do PSDB, eu queria comentar um comunicado formal da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que eu apanhei na edição do último 19 de maio nos jornais da Cidade, e que traz uma decisão muito curiosa, inclusive estou fazendo um Pedido de Informações a respeito dessa situação. E eu fiquei mais curioso ainda, quando comentei a questão com o Ver. João Dib, e ele também estranhou o que vou comentar agora.

Há um anúncio da Prefeitura, Secretaria Municipal de Obras e Viação. Sistema de Registro de preços. “A Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da SMOV, como órgão gerenciador, informa aos interessados que se encontra aberta a licitação para contratação de empresas prestadoras de serviços de fornecimento de passagens áreas, conforme a publicação no dia 28.04.99, no Diário oficial de Porto Alegre e no jornal Zero Hora, por meio do sistema de registro de preços.” Diz ainda o texto do edital que se trata da primeira licitação para serviços nesta modalidade, e por meio desse sistema os órgãos municipais, Administração Direta e Indireta poderão contratar os serviços das empresas selecionadas, mediante apenas esta licitação por um período de um ano, dispensando nova concorrência pública. Os preços ficam à disposição da Administração, que formalizará as contratações quando lhe for conveniente. Strito sensu, do ponto de vista da forma, não há exatamente uma inovação em se buscar centralizar em um único órgão uma espécie de tomada de preços antecipada para depois fazer o gerenciamento das aquisições. Já se faz isso, por exemplo, em relação às licitações em torno da publicidade das áreas administrativas. O Governo do Estado faz isso há muito tempo e a Prefeitura, embora esconda, inclusive dos Vereadores desta Casa, os resultados e a maneira pela qual conduz a seleção das empresas que lhe prestam serviços de publicidade, também faz este processo. Eu acho que o processo não tem nenhuma ilegalidade, faz uma tomada antecipada e, posteriormente, vai escolhendo as empresas que vão trabalhar.

O que me chama a atenção, Sr. Presidente, porque foge completamente ao padrão, é centralizar isso na SMOV. Aí realmente eu não consegui entender. Porque, se centralizasse no gabinete do Prefeito, se centralizasse na Secretaria-Geral, na Secretaria de Governo e até, em última análise, na EPATUR, teria lógica. Agora, a Secretaria Municipal de Obras e Viação, eu não consigo entender, quer dizer, a Secretaria pode até ter um sistema de registro de preços em relação a obras, jamais em relação à prestação de serviços. E aqui é tipicamente prestação de serviços. É uma interveniência, uma intermediação, não tem nada a ver com a SMOV, a não ser que se tenha outros objetivos. Acho muito estranha esta divulgação e esta decisão porque se tenta dar uma explicação antecipada no texto, como se dúvidas houvesse, para que não gerasse maiores problemas. Para mim isso chamou muito a atenção, inclusive comentava com o Ver. João Dib e ele, da mesma forma, permita-me citá-lo, estranhava também, não o fato em si, de se fazer uma licitação antecipada, de maneira nenhuma, mas, sim, de centralizar isso na SMOV, que até prova em contrário, pela legislação que a instituiu, não tem nada a ver com esse tipo de serviço. A SMOV está lá para fazer serviços e obras e o faz, diga-se de passagem, muito bem.

Quero deixar isso registrado. Não tenho, de modo geral, nenhuma crítica maior a fazer à Secretaria de Obras e Viação, ao seu titular, às suas equipes e às empresas contratadas. Quero deixar o registro de que me chamou muito a atenção o fato e deixo registrado até para que a Bancada do Governo possa antecipar explicações a respeito disso, obviamente não nesta Sessão. Evidentemente, também tomei providências quanto a um Pedido de Informações, vou querer acompanhar esse processo, pois, para mim, ele foge completamente ao padrão das atividades a serem desenvolvidas pela SMOV. Esse era o registro que queria fazer no dia de hoje, aguardando, se possível, uma colocação do Ver. Guilherme Barbosa, Líder da Bancada do PT, ou de outros companheiros do Partido do Governo nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, poderá parecer que eu tenha esperado para fazer esta Comunicação de Liderança, deixando o Partido dos Trabalhadores sem oportunidade de resposta. Isso não corresponde a realidade. O que eu quero é uma resposta do Partido dos Trabalhadores.

Esta Casa já realizou reuniões na Comissão de Saúde, com o Secretário de Saúde, das quais eu tive a satisfação de participar. Os integrantes desta Casa já falaram com o Prefeito, com o Vice-Prefeito, dizendo, claramente, que as cartas-contrato para a área da saúde não podem continuar acontecendo da forma como está até agora. Esta Casa recebeu uma centena de auxiliares de enfermagem concursados que não são chamados, e as cartas-contrato sucedem-se. Esta Casa recebeu médicos que são concursados, e as cartas-contratos sucedem-se, e os médicos não são chamados. E há vagas para médicos, poderiam chamar os concursados. Mas a Prefeitura teima em desrespeitar esta Casa.

O Secretário veio e ouviu dos Vereadores que se mandasse um Projeto de Lei, já que ele precisa de cargos, nós lhe daríamos, em dez dias, os cargos necessários, até porque é econômico para o Município ter os seus servidores contratados, fazendo os serviços em uma continuidade que deve ser permanente. Não se pode contratar auxiliar de enfermagem para fazer estudos sobre tuberculose e AIDS, e, cento e vinte dias depois, dispensá-los e começar com outro grupo. E a Secretaria de Saúde tem páginas e mais páginas no Diário Oficial solicitando mais gente. Agora, estão chamando outro tipo de servidor: Agente Redutor, no Programa de Redução de Danos. É o novo tipo que a Prefeitura criou. São algumas dezenas em dois dias, em dois jornais oficiais. Por isso, gostaria de obter respostas do PT para saber o que está acontecendo com a Saúde na Prefeitura Municipal.

Eu gostaria de saber por que até hoje o Secretário da Saúde não cumpre o que determina a Lei que criou o SUS, e não faz a prestação de contas para esta Casa da aplicação do grande volume de recursos que são recebidos do Governo Federal: duzentos e sessenta milhões de reais. Cabe uma explicação que eu gostaria que o PT me desse. Por isso, até quero que eles falem depois de mim e tragam essa informação. Por que o Secretário Municipal da Saúde não esclarece onde é aplicado o dinheiro do SUS? Por que um hospital desta Cidade pode dizer que o dinheiro do SUS está aplicado no sistema financeiro, e ninguém responde nada?

Eu mostrei aqui mil e quinhentas cartas-contrato, onde um médico foi contratado seis vezes - e a Lei diz que é improrrogável -, onde enfermeiros, médicos e auxiliares de enfermagem foram contratados três ou quatro vezes, e, muitas vezes, sem que o contrato tivesse ainda sido encerrado, um novo contrato foi feito. Portanto, eu não estava esperando que o PT falasse. Eu quero ouvi-lo, quero que me responda, enquanto digo: saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo este tempo da minha Bancada, o PMDB, para retomar uma discussão que já trouxe a esta tribuna, no ano passado, em abril de 98, e que voltou a ocupar as páginas dos jornais no dia de hoje, principalmente através de um artigo publicado na “Gazeta Mercantil”. Em abril de 1998, conclamava esta Casa para que, juntos, nos dedicássemos à análise de um problema que, aparentemente, não era um problema de Porto Alegre, mas, na verdade, repercutia sobre a nossa Cidade e, portanto, tinha que ser motivo de preocupação da Câmara. Acompanhávamos, naquele momento, a decisão da PROCERGS, Empresa de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, que estava transferindo parte de suas atividades para a cidade de São Leopoldo. A alegação era uma questão tributária e as dificuldades que aqui se colocavam, e a possibilidade de uma melhor atuação naquele Município. A nossa preocupação é a preocupação de todos os Vereadores, que é a questão da arrecadação do Município de Porto Alegre.

Temos visto, através de vários depoimentos, principalmente tem-se trazido muito a esta tribuna, através do Ver. Fernando Záchia, essa preocupação que a Cidade tem hoje no sentido de avaliar que as multas feitas pelos “azuizinhos” são regidas por uma preocupação de recursos na nossa Cidade. A Prefeitura, naquele momento, não deu nenhuma resposta em relação a essa questão e nós, Câmara de Vereadores, ficamos sem nenhuma intervenção para tentar recolocar essa questão e tentar evitar a evasão fiscal advinda dessa fúria tributária da Prefeitura.

De uma forma inexplicável, o Município tem uma empresa, que é a PROCEMPA, que tem o mesmo regime jurídico e que não paga o ISSQN. Isso nos coloca numa situação de ilegalidade, por existirem duas empresas similares, com o mesmo regime jurídico, e com orientações tributárias distintas. Porém, o mais grave acontece neste momento, em relação à PROCERGS, que repercute na arrecadação que deveria ter a Cidade para reverter aos munícipes de Porto Alegre.

A preocupação é pela evasão dos tributos e pela informação que temos de que nesses cinco meses de Governo houve uma evasão de, aproximadamente, duzentos e cinqüenta mil reais. Que explicação tem o Governo do Estado em relação a isso? Há uma flagrante diminuição da arrecadação. Portanto, tem que ser uma preocupação desta Casa. O entendimento disso seria por uma descontinuidade dos serviços da PROCERGS? Acreditamos que não. Há o mesmo faturamento? Se há, por que não se cobra? Fazem descontos indevidos? Acredito, porque temos indícios de sonegação. A Prefeitura de Porto Alegre tem a responsabilidade pública de exigir essa explicação. Nós, desta Casa, que temos a responsabilidade, enquanto legisladores, temos que exigir da Prefeitura Municipal de Porto Alegre uma explicação para isso. Eu, inclusive, quero comunicar aos Srs. Vereadores que estou fazendo um Pedido de Informações à Prefeitura nesse sentido.

Tenho umas e outras graves e sérias denúncias em relação a esse tema, que não tenho tempo para colocar às Senhoras e aos Senhores agora, mas que pretendo retomar, porque é um problema de extrema importância para a Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero registrar a presença, nesta Casa, do Sr. Marcos Mazoni e do Sr. Cláudio Dutra, Presidente e Gerente de Recursos Humanos da PROCERGS. A nossa saudação aos visitantes.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece que o Governo, Ver. Juarez Pinheiro - V. Exa. sempre tem-se esmerado, com tanto brilho, na defesa do Governo Municipal -, tem uma aversão a entidades comunitárias. Vou mostrar, Ver. Nereu D’Ávila, o porquê dessa afirmativa que, de repente, poderia ser insólita, conquanto o Partido do Governo, o PT, procura uma relação direta com a sociedade; mas eu acredito que ele gosta mesmo, Ver. Juarez Pinheiro, é da chamada democracia diretíssima, das praças e das decisões no estilo assembleísta - cada cidadão um voto, não; a cada dez cidadãos, um delegado, Ver. Renato Guimarães. Vou explicar por quê: a Associação do Bairro Farroupilha encontra-se numa grande polêmica com a Administração Municipal. Por quê? Porque cobra, sistematicamente, Ver. Nereu D’Ávila - e V. Exa. bem conhece aquela realidade -, o cumprimento de uma lei municipal, de 1992, e o seu decreto regulamentador, oriundo do Prefeito, à época o Prefeito Tarso Genro, e do sempre lembrado José Moraes, que era Secretário da SMIC e, hoje, é Secretário do Desenvolvimento, da SEDAI. A Associação Farroupilha só pede o cumprimento da Lei. Ela é a favor do Brique da Redenção como patrimônio da Cidade. Não vão dizer amanhã - não vejo aqui todos os Vereadores do PT - que a Associação Farroupilha é contra o Brique. Não, a Associação é a favor do Brique da Redenção, mas há um horário para começar e terminar, e os fiscais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente não fazem cumprir o horário. Há um horário para começar e terminar; terminar às 16 horas, mas está indo até às 19h. A população que se dane! A via da José Bonifácio do lado das residências tem que ficar livre, Ver. Lauro Hagemann, e não fica. Por que não cumprem a Lei? Há mais. Existe todo um comércio informal localizado nas proximidades, não é mais só na Av. José Bonifácio: é um comércio que a SMAM consente, localizado na Av. Osvaldo Aranha, na Rua Vieira de Castro, na Rua Santa Terezinha, na Rua Santana, entre a Av. José Bonifácio e a Av. Venâncio Aires. As reclamações foram tantas, que a Associação dos Moradores do Bairro Farroupilha não teve alternativa a não ser ingressar na Justiça para pedir o cumprimento da Lei, Ver. João Dib, simplesmente para pedir o cumprimento da Lei regulamentada pelo próprio Partido do Governo, o PT.

O que têm contra a Associação Farroupilha? A Associação dos Amigos do Bom Fim tem uma polêmica com a atual Administração em relação à questão da demolição do Mercado Bom Fim e quer ver, na forma como está sendo cobrado pelo Ministério Público, o ressarcimento daquele dano praticado contra o Patrimônio Histórico. Hoje, eu espero que esta Casa vote aquele relatório que está na última página. O relatório do Ver. Juarez Pinheiro é o único que diz que não houve irregularidade e infração de espécie alguma praticada pela Prefeitura. Eu acho que o Ver. Juarez Pinheiro tinha que chegar e dizer: “Olha, eu sou um Vereador governista, não fica bem eu fazer um relatório, sou um jurista, eu não vou comprometer a minha pena com um parecer, só porque eu tenho que defender o Governo.”

Terceiro: Associação Cristóvão Colombo. V. Exas. tantas vezes lá estiveram, Ver. Guilherme Barbosa, Ver. Juarez Pinheiro; o Ver. João Dib é patrono da Associação Cristóvão Colombo. Estão despejando a Associação Cristóvão Colombo. O Ver. Adeli Sell, está lutando, mas eu sei que o Ver. Adeli Sell é de uma corrente minoritária e nunca consegue prosperar nas suas aspirações, nas suas teses dentro do Governo. Às vezes eu digo que o Amplo, o Setor Amplo do PT, do grande Prefeito Tarso Genro, do Ver. Adeli Sell, do Ver. João Motta, eles não conseguem nada na Administração. Não conseguem nada. Eu vou apelar para o Setor da DS ou para outro aí, porque com o Ver. Adeli Sell não dá, porque ele prometeu lá que vai resolver o problema da Associação Cristóvão Colombo, e não consegue. Vão fechar a Associação Cristóvão Colombo. V. Exa. já foi lá, Ver. Lauro Hagemann.

Este é o relatório breve que consegui fazer. Há mais Associações que estão em conflito, por isso entendo que a Administração do Município não quer o Orçamento Participativo com o Movimento Comunitário, com a UAMPA nem falar. Retiram-se, ontem, de uma reunião, os membros do PT, de uma reunião da nossa UAMPA, Ver. Antonio Losada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais pessoas que nos acompanham, principalmente a Direção da PROCERGS, que veio trazer, Vereadora Clênia Maranhão, as informações corretas sobre a Empresa. Eu sugiro a V. Exa. buscá-las melhor por que elas estão absolutamente atravessadas. A nossa Direção encontrou a Empresa com uma dívida do Governo do Estado para a PROCERGS, de trinta e três milhões. O faturamento mensal ao longo do Governo Britto era de 2,9 milhões. No nosso Governo o faturamento médio mensal é 2,8 milhões. Aqueles valores que aparecem lá naquela tabela da “Gazeta Mercantil” - V. Exa. deverá ter passado - acrescenta valores de dívidas antigas que a Empresa ia somando mês a mês. O faturamento portanto, é, hoje, praticamente igual, apesar da dificuldade financeira que o Estado passa, mas tem honrado os compromissos e, portanto, o faturamento praticamente é igual.

Como conseqüência disso, o pagamento de impostos é também regular, com todos os valores. Este ano mais de 7 milhões foram pagos em impostos. Portanto, não há nenhuma diferença nisso.

Queremos fazer com que a PROCERGS - que é uma boa empresa, de bom desempenho, o seu corpo funcional é qualificado - seja uma empresa a serviço do público e não vise a lucro, por exemplo, em cima do Estado, que possui uma informatização muito baixa. Temos cerca de três mil computadores no sistema do Estado, exatamente o mesmo número que existe no Município de Porto Alegre, que, aliás, é uma das Capitais com maior índice de informatização.

V. Exa. também comentou em relação à transferência daquele setor. Aí sim, seria fraude na contribuição de impostos. O centro da empresa aqui, uma atividade lá em São Leopoldo, aí sim seria evadir impostos de Porto Alegre. Esta é a visão correta, e não o inverso, como V. Exa. colocou. Então, faço a sugestão para que V. Exa. procure melhor as informações, porque estão equivocadas.

Em relação à questão levantada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, ele já colocou que não há nenhuma suspeita sobre a legalidade da licitação, de ter licitada previamente uma empresa para a compra de passagem, o que é uma necessidade que os órgãos têm. Apenas estranhou, o Ver. Antonio Hohlfeldt, que seria a SMOV que estaria promovendo isso. De fato, também acho estranho. Vamos buscar informações para trazer a V. Exa. Mas, não há nenhuma ilicitude no processo. Ao contrário: é um processo interessante para não ficar cada caso buscando, às vezes com um convite ou com um processo rápido, que pode não ser a melhor solução para a Prefeitura.

O Ver. João Dib questiona, mais uma vez, as cartas-contrato. Quero dizer ao Ver. João Dib que já há um estudo feito na Secretaria da Saúde dando conta do que precisamos, da necessidade atual para não termos mais cartas-contrato - que como V. Exa. sabe são em torno de duzentas, duzentas e cinqüenta, - mais a demanda futura, porque está sempre crescendo o número de postos em nossa Cidade. Vamos chegar a perto de dez mil funcionários, mas não há disponibilidade financeira para isto, Ver. João Dib. O Sr. Prefeito esteve aqui, aquele documento que ficou devido já está pronto, estive conversando com o Presidente sobre uma agenda para que seja trazido aquele documento. Nós temos que resolver isso: de que maneira nós vamos ampliar o nosso quadro em face da necessidade de serviço, da demanda da população com a dificuldade financeira que a Prefeitura tem, como todas, apesar do equilíbrio que, com grande esforço, mantém.

Por último, eu quero comentar o seguinte - pena que o Ver. Cláudio Sebenelo não esteja -: ao mesmo tempo que a nossa Prefeitura faz todo o esforço para aumentar a sua atuação na área da saúde, ampliando postos e cada vez construindo mais, o Grupo Hospitalar Conceição, Srs. Vereadores, fechou cinco postos de saúde de atendimento à população. Cinco postos, Ver. Lauro Hagemann. E aí, qual é a resposta dos defensores do Governo Federal do Fernando Henrique Cardoso. Cinco postos de saúde foram fechados, é a informação que nós temos. O Ver. Renato Guimarães já está pedindo que a nossa Comissão de Saúde ouça a Direção do Hospital para saber por que fechou. Se não fechou, melhor, mas essa é a informação que nós temos, a comunidade sabe.

Quero, também, comemorar mais dois títulos que a nossa Prefeitura ganha. Há pouco nós tivemos a escolha da CARRIS como a melhor empresa de transporte público no Brasil e agora o Sistema SOMA, de Controle do Transporte Coletivo em Porto Alegre foi escolhido como o melhor sistema de controle, Ver. João Dib. E, também - até os Diretores da PROCERGS acho que tem a ver com isso, é um assunto que interessa - a nossa página, a página da Prefeitura de Porto Alegre foi considerada a melhor página do serviço público no Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, eu encaminhei à Mesa um Requerimento solicitando que a Comissão de Saúde da Casa acompanhe o episódio do Hospital Conceição, um problema ocasionado por uma dedetização que foi feita em cinco postos de saúde comunitária. Esses postos tiveram que ser fechados, os trabalhadores foram contaminados; medicamentos, alimentos, também. Esses postos não estão funcionando, e eu estou solicitando a Casa que acompanhe esse problema através da Comissão de Saúde. Estive visitando esses serviços, a população está sem atendimento, existe um conjunto de problemas; tem até usuários do próprio serviço que foram contaminados. É um problema grave, e eu acredito que a Casa deve acompanhar, e, também, ver que medidas o Hospital Conceição está tomando para colocar esses serviços à disposição, e apurar os motivos desse episódio.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu já recebi o Requerimento de V. Exa. e, imediatamente, já despachei para a Comissão de Saúde da Casa tomar as devidas providências.

 

O Sr. ANTONIO HOHLFELDT (Esclarecimento): Sr. Presidente, eu só queria pedir desculpas ao Ver. Guilherme Barbosa, pois eu fiz uma interrupção, fora do Regimento, no discurso dele. Mas eu queria fazer esse registro, porque depois o Ver. Renato Guimarães acabou fazendo a correção. Os postos não foram fechados: eles estão interditados por causa de um acidente de detetização. Então, agora foi feito o registro correto e, portanto, consta dos autos a correção necessária. Mas eu quero pedir desculpas ao Ver. Guilherme Barbosa, porque fiz um aparte que não estava previsto dentro do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. disse “dos autos”?

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Dos apanhados taquigráficos, que são autos, de uma certa maneira. Provavelmente, chegue a haver um processo, porque houve a interdição dos postos e a Saúde, certamente, terá que fazer um acompanhamento. Mas a minha preocupação foi ter a informação correta de que eles estão interditados por um acidente que houve quando da dedetização. Não há fechamento no sentido de encerramento de atividades.

 

O SR. PRESIDENTE: É importante, Ver. Antonio Hohlfeldt, porque, naturalmente, com esses esclarecimentos, a população que hoje à noite nos assistir já vai ter esclarecimentos a respeito do que ocorreu, até no sentido de utilidade pública.

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Informo aos Srs. Vereadores e às Sras. Vereadoras que o Veto total ao PLCL nº 011/97, face ao tempo decorrido, já está trancando a Ordem do Dia, motivo pelo qual nós temos a obrigação de apreciá-lo, sob pena de não podermos avançar na Ordem do Dia.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1335/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Cláudio Sebenelo: pela rejeição do Veto Total.

Observações:

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;

- adiada a discussão por uma Sessão;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL nº 011/97, Proc. nº 1335/97, com Veto Total. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Esta matéria já foi amplamente discutida e está sendo agora objeto de apreciação, em face do Veto Total que o Sr. Prefeito Municipal ofereceu ao Projeto, votado e aprovado por esta Casa, em memorável Sessão que mereceu registros adequados da imprensa especializada na ocasião.

Esta matéria, que tem-se mostrado polêmica, ao ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça, mereceu primeiro um parecer favorável pela acolhida do Veto do Ver. Juarez Pinheiro, que foi derrotado na Comissão de Justiça, o que ensejou que o Ver. Cláudio Sebenelo lançasse um parecer que mereceu a aprovação da maioria da Comissão. Por ser a discussão, Ver. Elói Guimarães, de cunho eminentemente jurídico, já que o eminente Sr. Prefeito alega inconstitucionalidade, e V. Exa. com a responsabilidade de ser um dos mais diligentes Vereadores da Casa, experimentado nas lides legislativas, já havia, de forma lapidar, sentenciado na discussão que o Ver. João Dib que, com a sua experiência, havia escoimado qualquer risco de inconstitucionalidade no Projeto, e assim V. Exa. tem se mantido nessa posição nos debates que aqui têm ocorrido, enseja, neste momento, tão-somente uma lembrança, um revigoramento das coisas que ficaram colocadas naquela oportunidade. Aliás, diz o Ver. Cláudio Sebenelo, em seu arrazoado na Comissão de Constituição e Justiça, literalmente, o seguinte:

“Causa-nos estranheza a decisão do Sr. Prefeito Municipal de vetar o Projeto de Lei, com base, segundo alega, em inconstitucionalidades. Tem sido objeto de ampla discussão a taxação progressiva da propriedade improdutiva. O Poder Executivo Municipal, inclusive, tem buscado legislar nesse sentido e tomado inúmeras decisões que amparam o tal entendimento. Não sem razão, é que o art. 5º, parágrafo XXIII da Constituição Federal, dispõe que a propriedade atenderá a sua função social. O presente Projeto visa exatamente a estimular o uso social da propriedade, como o preconizado na Carta Magna, e vai ao encontro da política praticada pelo Município. O veto puro e simples conduz a uma política contrária a que é praticada, e não leva em consideração que a propriedade deve ser usada em proveito da sociedade em que tal garantia constitucional fundamental deve ser estimulada. Ante ao exposto, pelas razões aduzidas, nossa posição é pela rejeição, isto é, contrária ao veto total proposto pelo Sr. Prefeito Municipal”.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não tenho bem certeza de que se o Sr. Prefeito já retornou do Chile, onde, com licença desta Casa, se encontrava. Eu ouvi nas rádios, li nos jornais, que S. Exa. ia ao Chile, tendo como principal motivação informar aos chilenos do trabalho de estímulo à participação comunitária que existe na Cidade de Porto Alegre.

Quero acentuar, Sr. Presidente, que se é verdade que se quer estimular a participação comunitária na vida da Cidade, temos aqui um instrumento valiosíssimo na mão do Sr. Prefeito Municipal, quem, pela sabedoria da Emenda colocada ao Projeto pelo Ver. João DIB, é eleito à condição de árbitro da conveniência da implementação dos programas na sua efetiva competência de Chefe do Executivo Municipal.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, encerre o seu pronunciamento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, o Vereador Isaac Ainhorn se está inscrevendo.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, o seu tempo está esgotado. Antes do Vereador Isaac Ainhorn, inscreveram-se os Vereadores Alberto Moesch, João Bosco Vaz, João Dib, Elói Guimarães e João Motta. Os Vereadores nominados concordam com que o Ver. Reginaldo Pujol permaneça na tribuna?

V. Exa., Ver. Reginaldo Pujol, tem mais cinco minutos para discutir a matéria.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço ao Ver. Isaac Ainhorn.

Vereador João Bosco Vaz, eu acolho o seu aparte, anti-regimental, mas cheio de razão. V. Exa. lembrou que, na ocasião, eu me propus a retirar o Projeto se houvesse o compromisso formal de ser cumprido o seu Projeto de Lei. Mas não houve esse compromisso formal.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Bosco Vaz.)

 

Se houve, foi agora, porque, na ocasião em que nós votamos, Vereador, foi mais uma vez cobrada essa possibilidade, e essa possibilidade não foi satisfeita. Se houve, Vereador, houve agora. V. Exa. me havia feito afirmação nesse sentido, e eu sei que V. Exa. é um homem de palavra e não informaria sobre algo que não fosse verdade. Eu digo até, Vereador, que isso é o “jus espernianti”. Depois de aprovado aqui na Casa, veio, tardiamente, o compromisso de cumprir uma lei com V. Exa., que já fez aniversário, já está quase com as velhinhas para a festa dos quinze anos. Estou exagerando, mas quatro anos, em termos de lei, são quase quinze anos na vida de uma criatura. Há uma obstinação no sentido de se obstar um Projeto de Lei cuja finalidade não é outra senão a de estimular a participação comunitária, e que se instala assegurando ao Chefe do Poder Executivo a condição de árbitro legítimo para estabelecer quando é conveniente ou não, Ver. Beto Moesch, V. Exa. que, agora, nos dará a honra da sua opinião, eis que presente na Casa.

Então, saliento a todos os Srs. Vereadores que, neste momento, Ver. João Bosco Vaz, não é mais o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol que está sendo votado, é a decisão da Casa, é essa escalada permanente, progressiva, insaciável de se dizer não às decisões do Poder Legislativo de Porto Alegre. Não é o mérito que se discute. Está-se dizendo que nós, os Vereadores, não podemos legislar, nem com as cautelas que teve o Ver. João Dib, a quem tenho que agradecer, porque com sua inteligência e experiência salvou este Projeto do risco que agora quer-se levantar. Não é o mérito que está sendo impugnado, estão se escondendo na capa da constitucionalidade, quando esta está plenamente assegurada. O Ver. João Dib, com a sua Emenda, impediu que nós, ainda que de forma periférica, tivéssemos invadido um mínimo sequer a competência do Chefe do Executivo Municipal, que teve com a Lei aprovada, assegurada, resguardada a sua competência e estabelecida a condição de árbitro final e definitivo da competência, ou não, da implantação do Projeto.

Não se diga que é inconstitucional, porque não é, e não é pelas razões que já apresentei. Seria discutível a sua redação inicial. Com a Emenda do Ver. João Dib cessou a redação, cessou a discussão, cessou a dúvida, a matéria é constitucional, não invade a competência do Prefeito Municipal, que está resguardada na redação final do Projeto de Lei que foi aprovado por esta Casa.

Por isso, Ver. João Bosco Vaz, não posso mais discutir o mérito. Agora o que se discute é o seguinte: as decisões corretas desta Casa valem ou não valem? Valem só quando agradam o Sr. Prefeito Municipal, ou valem sempre, porque fruto da soberania da nossa decisão?

Sempre discuto os vetos nessa linha, quando a alegação é inconstitucionalidade. Fosse a alegação do mérito, teria que ter outro procedimento. Mas, a alegação é inconstitucionalidade. Tanto não há alegação de mérito, que uma única Comissão se debruçou sobre o assunto, a única com competência para tanto, com obrigação regimental, que era a Comissão de Constituição e Justiça da Casa, e esta, por duas vezes, examinando a matéria, disse que é legal, é regimental e é constitucional. Então, o Veto não tem que ser acolhido. É isso que sustentamos.

Por inconstitucional, essa matéria não pode ser acolhida por esta Casa; esta Casa não pode entender de acolher, por esse fundamento, essa proposição.

Concluo, sabendo que estou infringindo, de certa forma, o Regimento, ao me prolongar, mas nós infringiremos muito mais o Regimento, e mais do que ele a tradição da Casa, se a desmoralizarmos aceitando esse Veto, pela razão equivocada que ele foi apresentado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Alberto Moesch está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97 com Veto Total.

 

O SR. ALBERTO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa proposta do Ver. Reginaldo Pujol, já apresentada antes pelo Ver. João Bosco Vaz, vai ao encontro do que dispõe a ECO 92 e, mais precisamente, a Agenda 21, esse tratado que o Brasil assinou na ECO 92.

A Agenda 21 é uma agenda que deve ser traçada pelos municípios, estados e nações para que desenvolvamos atividades em harmonia com o meio ambiente. Um tratado internacional que vale como lei, até porque já foi regulamentado pelo Congresso Nacional.

Ver. Giovani Gregol, que também já fez um Projeto semelhante, em outra legislatura, esse Projeto incentiva a preservação de áreas, ao contrário do que é incentivado hoje, dentro de uma filosofia dos anos 20 ou 30, onde se incentivava a construção em detrimento da sociedade que não tem mais espaço. Naquela época foi instituído o imposto progressivo, ou seja, tendo-se um terreno, mesmo que preservado, a cada ano não-construído, o IPTU é aumentado. Até poderia ter sentido esse imposto progressivo lá pelos anos 20 ou 30, mas hoje, com uma Cidade que tem uma população que quase não cresce, onde as construções crescem desproporcionalmente ao número do crescimento de habitantes, essa filosofia do imposto progressivo não tem mais razão, principalmente também em vista da ECO 92, da Agenda 21 e das disposições ambientais contidas na Constituição Federal, na Constituição Estadual e na Lei Orgânica.

É claro que esse Projeto poderia até ser aperfeiçoado, mas o seu espírito vai ao encontro do Código Estadual de Meio Ambiente, em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado, que incentiva e estimula os proprietários a preservarem as suas áreas, com uma diminuição de impostos. Até poderia não isentar totalmente de imposto, mas a diminuição de impostos, ao contrário do aumento do imposto progressivo, está totalmente de acordo com as legislações federal, estadual e municipal.

Portanto, de inconstitucional, pode ter apenas a questão do vício de origem, mas já está estabelecido, em parecer da Procuradoria do Estado que, se o Executivo sancionar um Projeto de Lei do Legislativo, mesmo não sendo deste a iniciativa, esse vício é sanado. Várias Leis na Assembléia Legislativa, de autoria de Deputados e Comissões Técnicas Permanentes foram sancionadas pelo Poder Executivo; mesmo com vício de origem elas foram sancionadas e, portanto, não são inconstitucionais, porque foi sanado o vício de origem com a sanção do Executivo. Portanto, se houvesse vontade política do Executivo, esse Projeto poderia ser aperfeiçoado, emendado, mas o seu espírito está totalmente de acordo com a legislação ambiental.

No ano passado, na Semana Mundial do Meio Ambiente, a Prefeitura de Porto Alegre realizou um extraordinário seminário sobre o meio ambiente, e um dos debates mais interessantes foi justamente o seguinte: em nível mundial está comprovado que uma criança, para se desenvolver, precisa de espaço, e aquela cidade que não estimular espaços de lazer, espaços recreativos e áreas de recreação estará condenando o bom desenvolvimento das crianças e da sociedade como um todo. Coloco isso porque esse tratado da Agenda 21, da ECO 92, justamente contempla a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento social.

Ver. Giovani Gregol, nós devemos votar favoravelmente a esse Projeto, porque é totalmente de acordo com a legislação ambiental existente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir a matéria do PLCL nº 11/97 com Veto Total.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, já tive a oportunidade de me manifestar sobre este Projeto, por ocasião da sua discussão e votação nesta Casa. Na oportunidade, lembrei V. Exas. do meu Projeto, que virou lei em 1992. Essa lei, até então, não era cumprida. É uma lei que transforma em áreas de esporte e lazer os terrenos pertencentes à Prefeitura de Porto Alegre. Lembrei, também, que esse Projeto do Ver. Reginaldo Pujol seria inconstitucional por legislar sobre uma propriedade privada, enquanto o meu Projeto, Lei hoje, diz respeito aos terrenos pertencentes à Prefeitura de Porto Alegre.

Discutimos aqui, discutimos ali, o Projeto foi aprovado, e o Ver. Reginaldo Pujol me disse, na oportunidade, que retiraria o seu Projeto caso a Lei deste Vereador fosse cumprida. Desde aquele momento passamos a trabalhar junto à Secretaria Municipal de Esportes, com a Profa. Rejane, para que essa lei fosse cumprida. A Secretaria Municipal de Esportes, em conjunto com a Secretaria Municipal da Fazenda, que coordena essas áreas que pertencem à Prefeitura, fizeram um levantamento. A Secretaria Municipal de Esportes escolheu as áreas que entende, no momento, possam ser transformadas em áreas de esporte e lazer. Fui consultado; concordei com as áreas e está sendo elaborado um Decreto do Sr. Prefeito regulamentando o uso dessas áreas, em função da lei existente.

Então, eu não posso ser incoerente, aqui. A Lei está prestes a ser cumprida, vai melhorar, vai aumentar as áreas de esporte, lazer e recreação, Ver. Alberto Moesch, nesta Cidade. O Decreto está regulamentando isso. Eu participei dessa pesquisa das áreas, juntamente com as Secretarias que citei agora. Por isso, voto pela manutenção desse Veto do Sr. Prefeito. Gostaria de contar com a sensibilidade do Ver. Reginaldo Pujol, com o qual já conversei, já trocamos idéias. Essa idéia do Ver. Reginaldo Pujol de querer dar isenção do IPTU a quem emprestar o seu terreno para a prática de lazer, esporte e recreação é uma Emenda que tem que ser apresentada quando votarmos, aqui, a lei do IPTU, o que já fizemos uma certa vez, o Ver. Cyro Martini e eu, não isentando, mas apresentando um desconto considerável. Nós vamos ter a oportunidade de discutir, aqui, essa lei do IPTU; então, quem sabe, possamos apresentar essa Emenda, não isentando, mas repetindo, quem sabe, o que já foi feito em ano anterior pelo Ver. Cyro Martini e por mim: uma Emenda que leve em consideração e dê um desconto a essas pessoas da iniciativa privada, que têm terrenos e que vão colocá-los à disposição para a prática de esporte, lazer, recreação e outras iniciativas da comunidade.

Portanto, estou satisfeito porque o Prefeito vai cumprir a lei de 1992, cujo Projeto apresentei nesta Casa. Estou mais contente ainda, porque as áreas de esporte, lazer e recreação nas comunidades carentes vão aumentar. Isso significa que a Secretaria Municipal de Esportes, através de seus departamentos de lazer, de recreação e futebol amador terá condições de fazer o seu trabalho junto às comunidades, e não precisará fazer como hoje, por exemplo: trazer o pessoal para o Parque Marinha do Brasil, para o Parcão, para Redenção, deslocando esse pessoal. O importante é proporcionar a essas comunidades o que elas precisam nesse segmento, lá junto aos seus companheiros, aos seus amigos e familiares. São comunidades que muitas vezes não têm nem o dinheiro para o ônibus, tendo que esperar o fim do mês, quando ocorre o dia do passe livre, para poder-se divertir.

Portanto, voto consciente pela manutenção do Veto do Sr. Prefeito. Gostaria que o Ver. Reginaldo Pujol argumentasse com os nossos companheiros, dizendo que a lei do Ver. João Bosco Vaz está sendo cumprida e que V. Exa. vai desistir do seu Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97 com Veto Total.

 

O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho dito com freqüência que o homem aprende todos os dias. E, hoje, eu aprendi com Sua Excelência, o Prefeito Municipal, que o art. 2º da Lei Orgânica diz que o Executivo e o Legislativo são dois poderes harmônicos e independentes entre si. Tenho dito isso tantas vezes, mas eu acreditava que o Prefeito não ouvia. Mas, na verdade, ele ouviu e usou exatamente o art. 2º da Lei Orgânica para vetar o Projeto de Lei do Ver. Reginaldo Pujol porque, segundo ele, o Projeto de Lei Complementar em exame fere os dois dispositivos. São os mesmos: a Constituição Federal e a Constituição Municipal, que é a Lei Orgânica, dizem que os poderes são independentes e harmônicos. Fere os dois dispositivos supramencionados, na medida em que o Legislativo Municipal limita a competência do Executivo de promover a arrecadação de tributos estabelecendo a isenção de imposto predial e territorial urbano.

A preocupação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre é arrecadar, arrecadar e arrecadar. Não é aplicar o dinheiro, até porque, no ano passado, o balanço da Prefeitura demonstrou que sobraram vinte e quatro milhões e meio de reais, que o Prefeito não soube o que fazer com eles. O verbo da Prefeitura é arrecadar, tão somente este! Ninguém está proibindo a Prefeitura de continuar a arrecadar o IPTU. Ele diz que compete ao Prefeito administrar os bens e as rendas municipais e promover o lançamento, a fiscalização e a arrecadação dos tributos. A Prefeitura quer arrecadar Mas também diz o Prefeito: (Lê.) “Tais dispositivos traduzem o já referido princípio da independência e harmonia entre os Poderes que está sendo violado pelo Projeto da Lei Complementar em tela”. Claro que não houve, segundo o Prefeito, falta de harmonia e independência entre os Poderes quando ele comprou ilegalmente o prédio da Rua da Praia. Claro que não faltou independência e harmonia quando o Prefeito, ao jornal Le Monde, criticou violentamente esta casa; claro que independência e harmonia houve quando o Prefeito disse que o Legislativo era desnecessário. Segue o Prefeito, art. 202, que ele usa aqui, sempre citando a independência e harmonia entre os Poderes: (Lê.) “Para assegurar as funções sociais da Cidade e de propriedade, o Poder Público promoverá e exigirá do proprietário, conforme a Legislação, a adoção de medidas que visem a direcionar a propriedade de forma a assegurar a democratização do uso, ocupação e posse do solo urbano”.

Devo dizer que a Prefeitura de Nova Iorque, em Manhattan, terrenos muito mais valorizados que qualquer terreno de Porto Alegre, concede isenção de impostos para que terrenos que não estão sendo utilizados, por algum tempo possam servir aos nova-iorquinos, fazendo, inclusive, cascatas artificiais, colocando bancos, fazendo uma série de coisas boas para que o nova-iorquino possa-se sentar e escrever uma carta, simplesmente descansar, ler alguma coisa e depois seguir a sua vida tranqüilamente. Mas a Prefeitura de Porto Alegre, não. Precisa arrecadar, arrecadar progressivamente.

(Lê.) “Em consonância com o exigido na Lei Orgânica Municipal editou-se a Lei Complementar nº 312/93 como instrumento capaz de inibir a especulação imobiliária e de promover a democratização do solo urbano, através da instituição da alíquota progressiva do IPTU”. Arrecadar, arrecadar, arrecadar. (Lê.) “O presente Projeto de Lei Complementar vem de encontro a esse princípio adotado pela Lei Orgânica na medida em que impede que as áreas que não cumprem a sua função social ou que sejam subutilizadas, sejam desapropriadas conforme dispõe o art. 18 da Lei Complementar nº 312”. Teria bastante razões para continuar dizendo que só no caso do Prefeito aceitar o oferecimento e, caso a caso, estudado pela Prefeitura é que seria utilizado o terreno ofertado por este ou aquele proprietário, e que a coletividade também o aceitasse; não seria uma coisa, pura e simplesmente, da vontade deste ou daquele Vereador, mas sim mantendo a harmonia dos dois Poderes Legislativo e Executivo. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97 com Veto Total.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu entendo que o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol foi salvo pelo bote jogado pela Emenda do Ver. João Dib nas águas profundas da inconstitucionalidade.

 Eu acho que a isenção é na forma e não no conteúdo do Projeto, porque se nós examinarmos essa relação que poderá se estabelecer entre o Prefeito e o pretendente à isenção, na forma, porque ele estará entregando um bem que, provisoriamente, do qual se retira grande parte da utilidade, então, não será uma isenção, na expressão da palavra, pois o proprietário que ceder ao Município o referido imóvel, terá a perda de fatores que tem com a plenitude da propriedade.

Por outro lado, o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol não bate de frente com o Projeto de Lei do Ver. João Bosco Vaz. Não há uma contradição entre a disciplina já normatizada e o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, porque ele até amplia as possibilidades. O Ver. João Bosco Vaz tem uma Lei que manda que se estabeleçam canchas de futebol, etc., em logradouros públicos. O Projeto do Ver. Reginaldo Pujol faz com que o Município, aceitando a oferta de parceria do particular, isente o proprietário do pagamento de tributo, enquanto o Poder Público dali tirar utilidades. Então, não é uma isenção no conteúdo; é na forma; porque há uma ocupação por parte do Poder Público sobre uma área particular, que fica interditada enquanto ali se exercer uma atividade pública, no caso, uma quadra de esportes.

Creio que a partir da Emenda do Ver. João Dib o Projeto perdeu aqueles vícios que trazia, e na oportunidade chamava a atenção - até usando aquela expressão conhecida na nossa literatura - dizendo que o Ver. João Dib teve um “Estalo de Vieira” - o Padre Vieira, diante de dificuldades, dava uma daquelas tiradas intelectuais e fazia os encaminhamentos. Quero acentuar que passo a entender que o Projeto não tange a geografia da inconstitucionalidade, porque ele, efetivamente, entrega na mão do Prefeito um instrumento, porque o Prefeito não tem na mão um instrumento jurídico, fiscal para mandar fazer uma cancha em terreno de particular e fazer a isenção do tributo, a partir do Projeto o terá. E nesse sentido, Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, eu entendo que o Projeto é constitucional e falta ao Veto maiores fundamentos para nos encaminhar a votar pelo Veto. Nesse sentido eu contrario o Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Com a palavra o Ver. João Motta para discutir.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, primeiro eu quero registrar aqui, até faço esta consideração, pela consideração pessoal, política que tenho pelo Ver. Elói Guimarães, Vereador este com o qual convivi na Comissão de Constituição e Justiça e que sempre foi um Vereador na minha opinião, exemplar, sob o ponto de vista do zelo, dentre várias discussões, genericamente falando, sobre constitucionalidade, organicidade e Projetos, mas dentre os quais um tema específico, e se reindicasse melhor dizendo uma referência mediada nessa discussão toda que informa a relação entre os Poderes Legislativo e Executivo, eu ficaria tendo como referências as posições que o Ver. Elói Guimarães sempre assumiu ao longo desses anos todos, tanto na condição de Presidente daquela Comissão, bem como membro daquela Comissão, ou seja, o Vereador sempre teve clareza em estabelecer uma relação de equilíbrio entre os Poderes, e nunca se deixou levar, no âmbito daquela Comissão, por uma opinião informada fundamentalmente pela política. Pelo contrário, o pensamento do Ver. Elói Guimarães nessas questões sempre foi informado em primeiro lugar pelo rigor técnico da posição. Dito isso, Ver. Elói Guimarães, eu estranho, portanto, nesse momento, a sua opinião não no Plenário propriamente dito, mas a fundamentação da sua posição de Plenário. O que me informa, por razões absolutamente evidentes, que a sua posição neste momento está contrariando na minha opinião o rigor técnico de um Vereador da Comissão de Constituição e Justiça, passando, portanto, no Plenário, neste momento assume uma fundamentação, na minha opinião, política. Quero dizer que independentemente do mérito da sua posição eu a respeito igualmente, agora não poderia deixar de fazer, fraternalmente, essa crítica a sua fundamentação, porque se pegarmos essa discussão no plano técnico-jurídico, na minha modesta opinião, o Ver. Reginaldo Pujol fica com uma argumentação fraca.

É evidente que as questões de natureza tributária são de competência exclusiva do Executivo. Eu não queria nem discutir isso, vejam os Srs. Vereadores, eu entrei aqui, entusiasmei-me, até, para fazer uma fala, eu que tenho sido um Vereador um pouco ausente do debate, para abordar o assunto sob um outro ponto de vista, esse sim está me preocupando, por uma razão, Ver. Reginaldo Pujol. Eu tenho tido oportunidade de contatar com Vereadores de outras Bancadas, inclusive do PFL, num fórum, não há problema de eu colocar isso publicamente para o Plenário, embora seja um embrião.  Alguns Vereadores, voluntariamente, no Estado do Rio Grande do Sul, Ver. João Dib, de todos os partidos, estão discutindo a possibilidade de, neste ano ainda, constituir-se em nível regional uma entidade alternativa à UVERGS, de Vereadores, independentemente de partido. A UVERGS, na verdade é, ao contrário senso da FAMURS, que é uma outra discussão que eu não vou entrar no mérito, completamente omissa a tudo o que acontece nos municípios. Vejam o absurdo dos absurdos. A UVERGS que é a entidade que congrega todos os Vereadores não disse uma linha sobre a questão que atinge hoje cronicamente os Municípios. O que cabe a nós? Estabelecer, no interior da UVERGS, uma disputa? Não, cabe a nós discutirmos um outro conceito sobre uma associação que represente o conjunto de Vereadores, estabelecendo uma plataforma que pegue temas como esse que V. Exa. está propondo através deste Projeto. Era esse o tema que eu gostaria de ter enfocado durante toda a fala. Fiz o meu parêntese em relação à fala do Ver. Elói Guimarães por toda a consideração que eu pessoal e politicamente tenho para com o Vereador.

Então, Ver. Reginaldo Pujol, a discussão que está posta para nós Vereadores, que somos agentes políticos, que temos, independentemente de partidos, por força inclusive da Constituição e da Lei Orgânica, compromisso com a governabilidade em cada município, que é digamos, fazendo aqui uma simbologia, a célula máter da democracia representativa. Nós, Vereadores, temos que aprofundar a discussão sobre a questão da receita dos Municípios, esse é o tema. E aí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu lamento dizer, mas os municípios estão numa encruzilhada. Nas brincadeiras que fazemos, às vezes, entre os Vereadores, cada um revela onde nasceu, e o Ver. João Bosco tem comigo uma identidade e sabemos da polêmica que se estabeleceu durante um certo tempo: se eu seria de Bagé ou de São Sepé; pois eu nasci em Formigueiro, que era um distrito de São Sepé. São Sepé está, hoje, sob intervenção judicial, porque se inviabilizou o Município. Usando uma linguagem tradicional: o Município está quebrado. Está inviabilizado, não cumpre mais as suas funções constitucionais. Vejam a crise do Estado microcosmicamente localizada lá em São Sepé. Vejam o dilema dos municípios, numa crise sem precedentes. Nunca aconteceu isto. Está sob intervenção o Município, por decisão da Justiça.

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Nobre Ver. João Motta, o Ver. Renato Guimarães inscreve-se e cede o tempo a V. Exa., que tem mais cinco minutos para discutir a matéria.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Agradeço ao Ver. Renato Guimarães pela gentileza.

Vejam como é candente e grave a discussão sobre a questão das receitas dos municípios. Pois bem, Ver. Reginaldo Pujol: nós temos que abrir uma agenda, uma pauta - e quero a acolhida dos demais membros da nossa Comissão de Economia, dos Vereadores João Carlos Nedel, João Dib, João Bosco Vaz e Adeli Sell - para que a nossa Comissão chame aqui na Câmara, nos próximos dias, ou de acordo com um calendário, pois temos o recesso agora, as representações de outros municípios, de diferentes partidos, para que a gente abra nesta Câmara uma discussão com radicalidade sobre esta questão da situação tributária e financeira dos municípios, porque vamos verificar o buraco que a tal estrutura constitucional do Estado hoje, no Brasil, delegou aos municípios, num processo absolutamente irracional de comprometimento dos municípios com a descentralização e a municipalização dos serviços públicos, e a centralização, na União da arrecadação tributária neste País. Sem falar na questão da forma como, hoje, se compõe o chamado Imposto de Renda e outros impostos em nível nacional. E essa é a grande agenda, eu tenho acompanhado, inclusive, agenda do nosso Deputado aqui do Rio Grande do Sul, que é Presidente da Comissão Finanças do Congresso Nacional, Dep. Rigotto, que aliás, segundo ele, tem encontrado dificuldade para compatibilizar a sua agenda lá no Congresso e fora, dada a importância que setores da sociedade estão dando, hoje, para essa discussão sobre a reforma tributária no Brasil. E aqui em Porto Alegre nós discutimos pouco e, quando discutimos, discutimos sobre esse enfoque proposto pelo Ver. Reginaldo Pujol.

Portanto Ver. Reginaldo Pujol, eu acho, Ver. Reginaldo Pujol, que V. Exa. é um dos Vereadores mais criativos do ponto de vista do processo legislativo na Câmara Municipal de Porto Alegre. Agora, V. Exa. que é bacharel sabe, há um princípio que informa o ato administrativo, que se chama princípio da oportunidade, e eu não tenho nenhuma dúvida que, considerando essa conjuntura econômico-financeira dos municípios, Projetos que visem a retirar ainda mais a diminuída receita dos municípios, é um Projeto que não vem no melhor momento, não é a melhor oportunidade de se pautar essa questão nos Legislativos municipais. Eu compreendo, sei que V. Exa. tem uma intenção absolutamente correta e legítima de repensar a ocupação desses espaços físicos e concretos que se tem, compatibilizando, dando a eles uma função pública. Mas nós achamos que essa discussão sobre a questão dos vazios urbanos já tem legislação pertinente no nosso Município, e nós não podemos desconsiderá-la, sob pena de colocar Porto Alegre atrás daquilo que já se produziu nesse terreno.

O que seria, Ver. Reginaldo Pujol, nós ficarmos, em outras palavras, atrás da agenda proposta pelo Dep. Rigotto, que quer discutir a Reforma Tributária, sobre a qual nós devemos dialogar, porque os municípios devem ter interesses em se incluir nessa agenda sobre a questão da Reforma Tributária. Porque não é mais possível, nós vamos esperar acontecer quantas situações como essa que está acontecendo no Município de São Sepé, para podermos sensibilizar os governantes, as sociedades, parlamentares, principalmente os Vereadores para essa agenda? Vai ser necessário quantos municípios mais quebrarem para nós termos sensibilidade para esse grande tema?

Portanto, vejam a dimensão que tem a discussão proposta pelo Ver. Reginaldo Pujol. O Ver Reginaldo Pujol, em outras palavra, Ver. Lauro Hagemann, está na verdade, por uma outra via, antecipando a grande agenda dos municípios e dos parlamentares. Essa foi a principal preocupação de uma primeira reunião desse grupo de Vereadores, onde tinha Vereadores do PT, do PDT, do PFL, do PTB e até mesmo um prefeito do PMDB estava nesta reunião. Nós não falamos, durante os quarenta minutos que estivemos juntos, em outro assunto a não ser: qual é o papel dos Vereadores frente a esse grande movimento que os prefeitos já estavam fazendo? Por coincidência, a reunião foi naqueles mesmos dias daquela manifestação em Brasília, puxada pela FAMURS.

Portanto, Ver. Reginaldo Pujol, da minha parte renovo, aqui, o meu mais profundo respeito por V. Exa., que é um Vereador exemplar, do o ponto de vista da criação e da criatividade legislativa. Agora, acho inoportuno, de fato, nós agendarmos a Câmara Municipal dessa forma como sugere V. Exa. para discutir assunto tão grave e tão caro para o conjunto da cidadania do nosso Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra para discutir o Projeto de Lei do Ver. Reginaldo Pujol, com Veto aposto pelo Executivo.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, a intervenção do Ver. João Motta, nesta tribuna, me parece que resgata o conteúdo principal desse debate que nos oportuniza o Ver. Reginaldo Pujol com a sua proposição de isenção do IPTU aos imóveis não-edificados no Município de Porto Alegre. Evidentemente, a nossa Bancada é pela manutenção do Veto pelas razões exposta como razão do Veto, mas também por algumas questões que eu acho que vale a pena nós, nesse debate, aqui, frisarmos e reforçarmos, em que pese já terem sido colocadas por alguns Vereadores que me antecederam.

Quero manifestar o meu espanto quanto à manifestação do Ver. Elói Guimarães, que é sempre tão zeloso em relação às nossas limitações, aqui, e sobre a relação com o Executivo. Eu entendo que há inorganicidade nesta matéria, mas mesmo que não houvesse, Vereador, a discussão do mérito, muito bem desenvolvida aqui pelo Ver. João Motta, faz com que possamos utilizar esse tempo para refletir sobre esta questão fundamental, que é o do papel dos tributos.

E o Ver. João Dib me olha sério, porque dizia aqui que o verbo da nossa Administração é arrecadar, arrecadar e arrecadar.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vera. Helena Bonumá, quando falei em “arrecadar, arrecadar e arrecadar”, eu queria dizer a V. Exa. que, se os índices do Plano Diretor atual, 43, de 79, fossem utilizados, nós colocaríamos, sem nenhum esforço, dois milhões e quatrocentos mil habitantes. Nós temos um milhão e trezentos mil, não temos compradores, não há especulação imobiliária, não há por que desse imposto progressivo que a Prefeitura pretende aplicar e que justifica no Veto que faz.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: O imposto progressivo, Vereador, tem como um dos seus fundamentos a questão da justiça social. A argumentação desse Projeto - e essa é a intenção do autor do Projeto, Ver. Reginaldo Pujol, bem como foi exposta aqui pelo Ver. Cláudio Sebenelo, no seu Parecer - é o resgate da função social na nossa Cidade e aqui a lógica é invertida, não me parece que isentando esses imóveis de cumprirem com a sua função social, se possa estar cumprindo com essa necessidade através da ação do Governo.

O que eu entendo que é função social, e aqui de novo vou divergir do Ver. Elói Guimarães, é evidente que isenta sim, na minha compreensão, do tributo, porque não é a mesma natureza o objeto, a utilização do terreno para um campo de futebol, uma atividade esportiva, que é muito meritória, mas aí é uma outra questão que quero abordar, e que é necessária porque vem ao encontro das preocupações da Agenda 21. Agora, a ocupação por um objeto desta natureza, não se substitui - porque não é da natureza - pelo tributo. O tributo, uma vez arrecadado, ele vai retornar à comunidade na forma de investimento e esse investimento, aqui em Porto Alegre, tem sido dirigido pelo Orçamento Participativo, pelo processo de democratização da nossa Cidade. Porto Alegre tem dado demonstração de onde investe seus recursos numa melhoria das condições de vida da Cidade, que nos faz hoje ser uma cidade de destaque em nível internacional, inclusive.

Então, por isso, arrecadar aqui tem um sentido diferenciado, talvez, da maioria dos municípios, porque eu não sei se podemos dizer onde a maioria dos municípios brasileiros investe os seus recursos do ponto de vista do cumprimento da função social desses recursos. Isso pode ser uma coisa discutível. Temos uma Câmara Municipal muito ativa e muito qualificada, fiscalizando as ações do Executivo, fiscalizando o orçamento público e a sua aplicação, aqui sim podemos dizer que os recursos públicos são bem-aplicados.

Portanto, nós temos que resgatar, como o Ver. João Motta dizia, a função social desse tributo e da arrecadação, a importância fundamental, estratégica que tem num contexto aonde sabemos que os municípios, desde 1988, têm aumentado as suas responsabilidades, as suas atribuições com os processos de municipalização e, ao mesmo tempo, tem sido, sistematicamente, confiscados seus recursos.

Então nós vivemos, de fato, uma situação de penúria e estrangulamento nos nossos municípios e não podemos permitir, abrir mão do IPTU, porque o IPTU retorna à comunidade sob forma de investimento, sob forma de políticas públicas, sob forma de benfeitoria.

A preocupação que o Vereador anteriormente colocou em relação à Agenda 21, ao meio ambiente, à preservação desses espaços de esportes e lazer para a população é correta, e uma Lei como a do Ver. João Bosco Vaz vem contemplar. É uma das iniciativas que vem contemplar, na medida em que possibilita que o Executivo amplie suas ações junto à comunidade, utilizando os próprios públicos municipais, os terrenos municipais para fazer esse tipo de prestação de serviços na área do esporte, de integração com a comunidade. Então, isso o Ver. João Bosco Vaz soube bem recuperar.

Para finalizar, é importante a arrecadação, ela é necessária pela função social do IPTU progressivo, Ver. João Dib, a arrecadação do IPTU progressivo, porque ele implantou uma justiça tributária aqui no nosso Município em relação a isso. Nós temos clareza de onde esses recursos estão sendo aplicados e temos clareza de como é necessário que ampliemos essa arrecadação. Por isso que eu digo, no contexto tributário desta Cidade, no contexto social e no contexto de investimentos desta Cidade, eu creio que é impossível nós falarmos em abrir mão da arrecadação de tributos, porque sabemos muito bem que eles estão sendo muito bem-aplicados e que eles são muito necessários. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Vereador Fernando Záchia está com a palavra. Ausente. O Vereador José Valdir está com a palavra para discutir o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, com Veto Total.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje pela manhã, tive a oportunidade de assistir uma palestra com o Dr. Jacques Alfonsin, sobre a questão da função social da propriedade. E ele me dava uma notícia por demais alvissareira para Porto Alegre, de que o Supremo Tribunal Federal acolheu um recurso da Prefeitura de São Paulo, do tempo da Luiza Erundina, em relação à cobrança do IPTU progressivo. Eles estavam com o mesmo problema que a Prefeitura de Porto Alegre, que toda a vez que quer aplicar o IPTU progressivo em cima dos especuladores, eles entram na Justiça, que até então lhes dava ganho de causa em primeira e segunda instâncias. Agora, parece que o Supremo resolveu isso. E nós vamos finalmente poder cumprir a lei do IPTU progressivo em Porto Alegre.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não vou aceitar essa colocação. E quero dizer que toda a vez que se trata de IPTU, V. Exa. começa a ficar preocupado. Eu lembro a V. Exa. que o Supremo Tribunal Federal considerou ilegal a planta de valores do Município de Porto Alegre do ano de 1990. E a Prefeitura deve tratar de devolver o que cobrou daqueles que pagaram a maior.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Em Porto Alegre, nós temos verdadeiros latifúndios próximos ao Centro da Cidade, como por exemplo o latifúndio das máquinas Condor, ali na Avenida Salvador França. Latifúndios que estão se beneficiando, inclusive, da luta do povo, e que, pela lei, têm de pagar o IPTU progressivo, porque não estão cumprindo com a função social da propriedade. Função social da propriedade não é uso social, conforme está dito aí. Função social da propriedade, precipuamente, é garantir a terra no campo para produzir e a terra na cidade para morar. Essa é a função social mais importante. Não é uso social, conforme está dito no parecer, muito inteligente, do Ver. Cláudio Sebenelo, relator deste processo, mas que tem uma distorção tremenda.

O que é que faz o Projeto que estamos discutindo e que foi vetado pelo Sr. Prefeito? O Projeto consegue fazer uma inversão completa, porque, em nome da função social, pretende beneficiar, com a isenção do IPTU progressivo, aqueles que não estão cumprindo com a função social.

Mas vejam só a barafunda, o ponto a que leva o sofisma. Aqueles que não estão cumprindo com a função social, os vazios urbanos da Cidade, em que deveriam ser aplicados o IPTU progressivo - e, agora, confirmada essa informação do Dr. Jaques Alfonsin, nós vamos ter agora ao nosso lado essa decisão do Supremo -, e que não cumprem com a função social, para esses, nós inventamos uma lei e lhes damos usos sociais, para fazer um campinho de futebol, uma área de lazer, para justificar que está tendo algum uso social. Se parasse por aí, para justificar que está tendo algum uso social, mas vai além, dá isenção do IPTU para essa gente.

E o Ver. Cláudio Sebenelo dá um parecer dizendo que este Projeto é muito meritório porque está garantindo a função social da propriedade. Àqueles que não estão cumprindo com a função social da propriedade, nós vamos inventar uma artimanha para dar alguns usos sociais, aí, então, eles estarão cumprindo a propriedade. E aí, de prêmio, eles não só deixam de pagar o IPTU progressivo, que é mais alto, mas ganham a isenção do imposto.

Mas vejam a que ponto chegamos! E vem um Vereador aqui falar que esses vazios têm a ver com a ecologia, imaginem. Só se for porque esses vazios não são mais áreas de engorda do capital; esses vazios estão lá para, quem sabe, reproduzir a natureza, bichos, cobras, talvez, por isso, sejam ecológicos esses vazios urbanos.

Eu peço o tempo da Vereadora Sonia Saraí.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem mais cinco minutos, tempo concedido pela Vereadora Sonia Saraí.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Agradeço à Vereadora Sonia Saraí. Eu não vou mais me ater à questão da arrecadação, nessas práticas de isenção fiscal, nesses Projetos que ocupam tanto espaço nesta Casa. São vários os Projetos que procuram isentar este ou aquele setor, mas este Projeto aqui passou dos limites. Ele é muito claro, ele tem fotografia. Eu não quero criar discórdia nesta tarde tão calma, mas sou obrigado a dizer que este Projeto aqui tem fotografia, tem endereço certo. É um Projeto feito, claramente, para isentar os grandes, para beneficiar os grandes, para beneficiar os especuladores, que deveriam estar na cadeia, porque estão prejudicando a população, os especuladores desta Cidade que conseguem continuar fazendo especulação “ao arrepio da lei”.

O movimento social conquistou um instrumento muito positivo na Constituição - a função social da propriedade - e até agora não se conseguiu aplicá-lo, porque os tribunais não reconhecem, na prática, a função social da propriedade. Esta Casa faz um Projeto para reforçar ainda mais os especuladores desta Cidade, e ainda deturpando a bandeira da função social da propriedade, conseguindo produzir uma isenção total. Agora o especulador que, eventualmente, concordar em fazer esta grande obra benemerente para o Município, para a população, de doar a sua área, que não está sendo utilizada, para um campinho de futebol, para uma pracinha, ganhando, em troca, a isenção, pois está fazendo uma obra benemerente para a Cidade, está executando a função social da propriedade. Vejam bem: ele ganha isenção de imposto, imposto que deveria ir para os cofres municipais, que é de onde saem, Ver. Juarez Pinheiro, os recursos para colocar na periferia, resolver o problema da educação, habitação, da saúde, do saneamento, diminuem esses recursos, esses senhores que não cumprem com as leis, não cumprem com as funções sociais da propriedade, que estão com estas áreas para engorda do capital, ao invés de receber a punição da lei, ao invés de receber a sanção da lei, agora recebem os benefícios de uma lei que, ao invés de puni-los, os isenta do IPTU. Ao invés de especuladores, agora, eles passam por gentis senhores que estão fazendo uma obra benemerente para a Cidade, porque estão concordando em doar aquela área de especulação, que não está servindo para nada, a não ser para engordar o seu próprio capital, aquela área que está numa situação ilegal, porque não está pagando IPTU.

Eles conseguiam - com esta decisão do Supremo as coisas mudam - inclusive com o apoio do Judiciário - passar, e com a vantagem da isenção do IPTU, de especuladores a gentis senhores que estão se preocupando com a coletividade em Porto Alegre.

Este Projeto, aqui, é um Projeto que tem fotografia e endereço certo, é um Projeto para beneficiar os grandes especuladores desta Cidade.

Por isso, nem vou falar das razões de ordem jurídica, porque se entrar por esse campo, ficará claro que fere todos os dispositivos legais. Mas, quando é para beneficiar os grandes, alguns Vereadores desta Casa, que deveriam zelar pelo jurídico, pelas leis, passam por cima delas e vale tudo.

Só que não vai passar esta de querer dizer que este Projeto, completamente inconstitucional, vem beneficiar a população de Porto Alegre, pois não vem, ele vem para beneficiar, isentar os grandes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97, com Veto Total a ele aposto.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, é uma Lei já aprovada, vetada, como é de direito e de fato, e juridicamente, pelo Prefeito Raul Pont. É um Projeto interessante, que suscita um tipo de discussão que deve ser feita, que já é feita e que deve se fazer cada vez mais nesta Casa e por todos os entes políticos do País, que é a questão do uso social da propriedade.

Eu louvo o Ver. Reginaldo Pujol e os outros Vereadores, independente de sua posição favorável ou contrária ao Veto, por trazerem à tona esta discussão, pois parece-me que todos dizem-se favoráveis, inclusive aqueles que defendem o Projeto vetado, ao uso social da propriedade. Isso deixa-me muitíssimo satisfeito. Tomara que sempre os Vereadores desta Casa, como eu o fiz e faço, defendam o uso social da propriedade. Inclusive, em alguns casos, prevalecendo sobre o uso individual ou individualístico dela.

O Projeto de Lei parte de uma boa intenção e de um princípio que é correto, genericamente: o terreno está vazio, sem utilidade, muitas vezes criando problemas para a coletividade. Mas acho que o Ver. Reginaldo Pujol - reforçando as palavras do meu antecessor, Ver. João Motta, que é um Vereador experiente, criativo, bom parlamentar - pecou na forma. Certamente eu não estava aqui quando da votação, mas na forma como S. Exa. apresentou o Projeto e a Redação Final, ou seja, com a aprovação de uma Emenda do Ver. João Dib - Emenda inteligente -, eu jamais votaria a favor. Estou sendo perfeitamente coerente, não é porque sou da Bancada, não é nada disso. Pelo mérito, eu jamais votaria no Projeto tal como ele está, embora eu admita, além da boa intenção do Vereador, que a idéia fundamental é boa: utilizar socialmente uma coisa que está sem utilidade temporariamente. Agora, como se faz isso? Não está dito aqui. O Projeto, assim como está - e certamente não é essa a intenção do autor e daqueles Vereadores que votaram no Projeto, que apoiam o Projeto - tem uma potencialidade: a capacidade de facilitar, de favorecer economicamente, de forma enorme, a especulação imobiliária da Cidade. Aliás, sobre especulação eu não posso resistir, eu, como “humildérrimo” Suplente que eventualmente assume nesta Casa. O meu tempo está esgotado, eu gostaria que algum colega se inscrevesse e cedesse o seu tempo para que eu possa concluir.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. Giovani Gregol, com aquiescência dos demais inscritos.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Eu abro um parêntese para dizer que o Ver. João Dib, meu querido amigo, fez uma descoberta originalíssima. Ele disse, da tribuna - está taquigrafado - que não existe especulação imobiliária em Porto Alegre. Mas que coisa! Eu ouvi o Vereador dizer: “Não seja por isso, que o Projeto em tela é atacável.” Segundo ele, não existe especulação imobiliária em Porto Alegre. Essa não dá para deixar passar! Desculpem-me, mas eu não sei como é que os outros Vereadores, mais atilados que este vagaroso, não denotaram esse absurdo do Ver. João Dib. Se não há especulação imobiliária, o que há, então? A especulação imobiliária é um fenômeno da sociedade moderna, está enormemente presente em todo o meio urbano, principalmente em todas as metrópoles do Planeta Terra, desde a Revolução Industrial. Essa é boa! Ele, que é tão inteligente! Vereador João Dib, essa é dose! Não há especulação imobiliária em Porto Alegre?!

 

O Sr. João Dib: Vossa Excelência permite um aparte?

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Eu não lhe dei aparte.

 

O Sr. João Dib: Eu perguntei se permite.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Não, agora não, eu quero fechar o parêntese. A especulação imobiliária é o maior negócio no Município de Porto Alegre. Não há maior mina de ouro no Município de Porto Alegre do que a especulação imobiliária, depois do transporte coletivo, fora as coisas ilegais, como as drogas, a prostituição. Esse argumento de que a Cidade não cresceu em população não tem nada a ver com especulação imobiliária, e só um idiota aceita o argumento de que como a população está crescendo pouco não há especulação imobiliária. Mas como? Todo mundo sabe! O Ver. João Dib foi Prefeito, foi Secretário por várias vezes, é Vereador.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Dib.)

 

Eu não disse que V. Exa. falou isso. Eu disse que só um idiota aceitaria esse tipo de argumento. Mas o que quero dizer é que de 1970 para cá - os Vereadores sabem disso, porque nesta Casa todos “pegam avestruz de tamanco em campo lavrado” - a cubagem da área construída na Cidade de Porto Alegre aumentou em torno de 100%; duplicou. A população aumentou um pouco, talvez 10, 20 ou 25%, no máximo, mas a área construída, no Município de Porto Alegre, em menos de trinta anos - porque ainda não estamos no ano 2000, e os dados são de anos passados - já aumentou em torno de 100%, comprovando que a especulação imobiliária é um grande negócio. Eu afirmo que é o maior negócio - falando em negócio, e não em negociata - no Município, é fonte de grandes negócios e grandes perdas da qualidade de vida da população de Porto Alegre. Sustento isso, porque a área verde, a área de lazer e de preservação do Município, especialmente as que interessam a nós, parlamentares, eleitos para defender o bem público, as áreas públicas de lazer e preservação, os parques, as praças, as reservas ecológicas, aumentaram pouquíssimo, enquanto que a área construída, o cimento, o asfalto, em menos de trinta anos aumentaram 100%. Ou seja, nós tivemos muito mais área tomada, “comida” - entre aspas -, pela área construída - legalmente, legitimamente - e muito menos no resto da área, em detrimento da outra. Isso prejudicou a população de Porto Alegre, especialmente aquela que não tem dinheiro para ir à praia, para viajar para a serra, para ter quintal dentro de casa. Essa, que é a maior população, principalmente das periferias, que só tem acesso às áreas públicas de lazer e preservação, ficou grandemente prejudicada, porque para ela só há cada vez mais asfalto, mais tijolo, etc., para não falar das chuvas. Tanta gente pergunta por que cada vez que chove em Porto Alegre, alaga tudo? Porque estamos cada vez mais impermeabilizando a superfície, a água não tem mais por onde penetrar, e como para algum lugar ela tem que ir, Ver. Renato Guimarães, aí forma as torrentes. Esse problema vai-se agravar.

Esse Projeto de Lei, assim como está, não é possível, porque ele não especifica a área. Se eu estiver com as máquinas Condors, naquela enorme área entre a Av. Cristiano Fischer e a Av. Salvador França, e colocar ali uma canchinha de futsal, então não preciso pagar IPTU sobre todo aquele enorme latifúndio? Quais são as condições? Não é a intenção do Ver. Reginaldo Pujol, mas vamos supor que esse Veto seja derrubado, que eu seja um dono de terra e o Ver. José Valdir seja um líder comunitário. Eu faço um acordo com o líder, que propõe à Prefeitura construir umas canchinhas no meu terreno, e eu, que iria pagar muito IPTU, fico isento, segundo a Lei do Ver. Reginaldo Pujol. Eu ganho dinheiro, porque vou deixar de pagar. Não é possível, Vereador. Ninguém é ingênuo. Pelo menos ninguém que está sentado nesses bancos é ingênuo. Não venham me dizer que isso é defesa da ecologia, Ver. Alberto Moesch. O Projeto que eu fiz é totalmente diferente deste; era de área de isenção de IPTU. Havia três faixas, de 30, 50 e 100%; eu criava condições para isso. Não era nesses termos aqui, porque, nos termos em que este está, presta-se muito à manipulação e à maracutaia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97 com Veto Total.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, não posso entender as afirmações que ouvi aqui desta tribuna, feitas pelo Ver. José Valdir e Ver. Giovani Gregol. São Vereadores muito inteligentes, mas acredito que eles não querem ler o Projeto ou não querem divulgar para a população a verdade que nele está encerrada.

O Ver. João Dib, quando estávamos votando este Projeto, colocou uma Emenda que desmente todos os Vereadores do PT que passaram aqui por esta tribuna. O Ver. João Dib diz que não basta o cidadão, que é proprietário do terreno, querer colocar esse terreno à disposição da sua comunidade: tem que haver primeiramente o entendimento com a Prefeitura Municipal. Se tem que haver um entendimento com a Prefeitura, como é que os Vereadores que passaram por aqui dizem que o autor do Projeto quer beneficiar o especulador imobiliário? Ora, só se o Prefeito for amigo do especulador imobiliário, e quiser que isso aconteça, porque se não é amigo, não, porque terá que ter a aquiescência do Sr. Prefeito Municipal. Respeito muito a sua opinião, Ver. João Motta, que há muito não vinha a esta tribuna. Estava com saudades de ouvir o Ver. João Motta, não sei por que ele não vinha a esta tribuna, mas hoje ouvi o Ver. João Motta, que veio aqui e disse que o Ver. Reginaldo Pujol, com esse Projeto, poderia estar afetando o problema de arrecadação da Prefeitura Municipal e que tínhamos que discutir aqui as receitas do Município.

Acredito que o Ver. João Motta andava muito ausente deste Plenário, mas não acredito que esteja ausente da Cidade. Deve prestar atenção ao Distrito Industrial da Restinga, porque se aumenta a arrecadação fazendo com que haja a atração, por exemplo, por indústrias, dando incremento para que o comércio possa funcionar. É assim que se faz aumento de arrecadação, porque, se não for dessa forma, se não for fazendo com que a economia possa crescer, se não for fazendo com que as regiões possam crescer economicamente, se for a base de aumento, apenas, do IPTU - Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa. que é um Vereador craque na área do Direito, sabe muito bem que se formos aumentar o IPTU na necessidade do Município, daqui a pouco não há mais quem agüente pagar IPTU. Já temos o Imposto Predial e Territorial Urbano, um dos mais caros do País. Temos o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, um dos mais caros do País. A alíquota do ISSQN é de 5%. Saímos de 6% que representava o IPTU na arrecadação total do nosso Município em 1989 e passamos para 14%. Temos um IPTU que está supervalorizado. Agora, os Vereadores vêm a esta tribuna para dizer que o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol é que vai fazer com que percamos a arrecadação do Município. Não. Perderemos a arrecadação no Município por incompetência administrativa, porque a área lá da Restinga está mal-administrada. Quantas empresas temos hoje lá no Distrito Industrial da Restinga? Posso contar. São duas. Quantas estão sendo atraídas? Nenhuma. E o comércio? Como é que o Município está colocando a sua política para fomentar o crescimento do comércio? Não temos nenhuma política nesse sentido. O Município quer arrecadar apenas aumentando impostos.

Eu já ouvi uma notícia hoje de que o Sr. Prefeito preparava um Projeto para ser enviado a esta Casa para fazer crescer o IPTU. Ele quer, na verdade, fazer com que esta Câmara Municipal vote, ainda este ano, o crescimento do IPTU, porque esses incompetentes só têm essa forma para fazer crescer a arrecadação desta Cidade. É matando a sua população! Daqui a pouquinho não tem mais como pagar impostos! Porque a incompetência gera apenas essa forma de arrecadação: aumentar impostos. E quando um Vereador, como o Ver. Reginaldo Pujol, propõe um Projeto tão meritório como esse, recebe as críticas que recebeu desta tribuna e, infelizmente, de Vereadores muito bem preparados, que eu respeito muito, mas que não leram todo o texto do Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães, que está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, num passado recente, eu dizia que muitas vezes eu falava para as paredes. Hoje devo dizer que não falamos mais. Hoje temos um instrumento de comunicação que leva o debate e a nossa opinião para um segmento da sociedade, um segmento especializado, até poderia dizer que somos ouvidos por pessoas especializadas nesta ou naquela matéria, como em Direito, por desembargadores, juristas, etc.

 Um dos aspectos importantes é nós trabalharmos diante do texto e da verdade. O que eu ouvi hoje, aqui, foram verdadeiros “contrabandos de normas”, que foram inseridas no Projeto e que não constituem objeto do debate. O Projeto foi esquartejado e sofreu verdadeiros transplantes. Por exemplo, a questão do imposto progressivo não é objeto do debate e chamo a atenção da Casa.

O Ver. José Valdir saiu numa contundência, ao ponto de dizer que esse Projeto tem endereço certo para isentar os especuladores. Isso é um libelo contra o autor do Projeto e contra o Prefeito. A menos que não tenha sido feita a leitura do Projeto, porque o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol estabelece uma condição que não retira do Prefeito Municipal a iniciativa na matéria tributária, porque depende do Chefe do Executivo, é uma condição sine qua non, sob pena de não se concretizar a lei. Se o particular que possui o terreno quiser oferecê-lo ao Prefeito Municipal e este disser não, não sai.

Vejam bem que o Ver. Reginaldo Pujol, mercê da Emenda do Ver. João Dib, incorpora um dispositivo fundamental para espancar qualquer outra idéia que não aquela de se tratar de um Projeto bom. Um projeto original não serviria, é bem verdade. E aí poderia até justificar certas interpretações, com as devidas cautelas. Mas no momento em que o Projeto estabelece que o Prefeito Municipal, em aquiescendo, fará; isenta, limpa toda a forma que se possa imaginar de um Projeto que vise a atender o especulador imobiliário.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não estou discutindo o mérito. Eu poderia dizer que este Projeto tem mérito sim. A Prefeitura, poderia não ser o caso agora, na atual conjuntura, mas amanhã ou depois pode-se ver com determinadas políticas no campo esportivo e não ter disponibilidade para atender esse dever, que também é do Município, de fazer recreação, de fazer desporto na Cidade de Porto Alegre. Pode acontecer, num determinado momento, em virtude de especulações até imobiliárias sim, que cheguemos a uma situação de não se ter mais espaço para fazer campo de futebol ou uma quadra para esse ou aquele esporte. Se vê, no Projeto, uma forma, um instrumento, um mecanismo, que é uma idéia boa. E nós não podemos arquivar, Sr. Presidente, esta idéia, como uma idéia que vise, efetivamente, a condenar pessoas que estão trazendo uma contribuição. Fica portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores o nosso entendimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. Elói Guimarães nós queremos apregoar o Ofício nº 332/99, Processo 2084/99, do Sr. Prefeito Municipal.

(Lê.) “Sr. Presidente,

Ao cumprimentá-lo, respeitosamente comunico que deverei ausentar-me do Município a partir das 18h50min do dia 24.06.99, retornando às 19h30min do dia 27.06.99.

No dia 25.06.99 estarei participando, em Goiânia-Goiás, do 38º Fórum da Frente Nacional de Prefeitos, ocasião em que serão debatidos importantes temas de comum interesse dos municípios brasileiros. Nos dias restantes viajarei a São Paulo onde estará sendo realizada a reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Esclareço que o ônus será somente de uma diária e passagem para Goiânia. Nesse período, José Fortunati, Vice-Prefeito, assumirá o Executivo.”

 

O SR. ISAAC AINHORN(Questão de Ordem): Sr. Presidente eu entendo, que tendo, às 18h01min, encerrado-se as quatro horas de Sessão normal de natureza ordinária, que V. Exa., tão-somente, poderia aguardar a finalização da manifestação do Vereador que se encontra na tribuna. Entendo que é nula a leitura da comunicação que fez V. Exa., porque ela não poderia ocorrer. Ainda mais V. Exa. que é um escravo da lei e do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Este 1º Vice-Presidente no exercício da Presidência discordou do horário aqui colocado, tendo em vista que ele próprio, hoje, quando da Tribuna Popular, suspendeu a Sessão por aproximadamente três minutos. Essa foi a razão que permitiu a leitura.

Em votação a prorrogação da Sessão por duas horas. (Pausa.) O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, há uma discrepância na manifestação de V. Exa. quanto ao horário. Os trabalhos desta Sessão tinham-se encerrado às 18h01min. Quem manifesta a comunicação de encerramento de horário é a Diretoria Legislativa da Casa, que é o órgão oficial, embora V. Exa. estivesse presidindo a Sessão. Eu entendo que o Veto que estamos examinando é uma questão de extrema relevância e, neste momento, este Veto, corre o risco de não ser enfrentado na plenitude do quórum necessário para o exame de matérias essenciais, uma vez que se observa a presença de quórum, nobre Ver. Elói Guimarães, mas de um quórum diminuto, reduzido, o que favoreceria o Sr. Prefeito, que vetou a matéria. Há que se ter 17 manifestações positivas para a derrubada do Veto. Então, haveria um prejuízo formal, notório, do autor do Projeto em ver a matéria examinada por este Plenário.

Nós, ao encaminhar, gostaríamos de manifestar a nossa contrariedade, neste momento, à prorrogação da Sessão, uma vez que prorrogada a Sessão, com dezessete, dezoito Vereadores em Plenário correríamos o risco de ver a matéria examinada e, naturalmente, ocorreria a manutenção do Veto. Portanto, a nossa Bancada, neste momento, se manifesta contrária à prorrogação da Sessão, no interesse do exame da matéria, na plenitude do quórum de 33 Vereadores, o que tem sido extremamente comum nesta Casa.

Noto, Sr. Presidente, que o Ver. João Dib prontamente se posta na posição de encaminhar a matéria, numa situação inusitada, porque normalmente se aguarda que o orador conclua a sua manifestação no seu tempo regimental, que é de cinco minutos. O Ver. João Dib, na ânsia de falar, e tem todo o direito, mas terá que aguardar a manifestação do Vereador que se encontra na tribuna. Este é o regime democrático e esta é uma Casa democrática, com a qual, historicamente, o Ver. João Dib tão afeito se encontra.

Portanto, Srs. Vereadores, queremos dizer que a matéria é extremamente importante. O Veto se alicerça na inconstitucionalidade por vício de iniciativa, e o Ver. Reginaldo Pujol “não é amigo do rei”, porque inúmeros Projetos que envolveram natureza tributária, sobretudo os que aumentaram a carga tributária, tiveram a convalidação do alcaide municipal, que se encontra lá no Paço Municipal, mas eu acredito que num quórum pleno, nós, como Legislativo, faremos a reafirmação da vontade inicial em relação a ver aprovado esse Projeto aqui nesta Casa e derrubado o Veto. O que não conseguiríamos neste momento Sr. Presidente, porque o quórum nesse momento é diminuto. Tenho dito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha o Requerimento de prorrogação da Sessão por duas horas, na Ordem do Dia, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu na realidade me dirigi à tribuna, porque S. Exa., o nobre Ver. Isaac Ainhorn, ex-Presidente desta Casa, Vice-Presidente e outros tantos títulos, dizia que encerrava, no meu entendimento, que encaminhava em nome de sua Bancada contrariamente a prorrogação dos trabalhos.

Eu devo dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu tenho longa vida aqui e eu não quero encaminhar contrariamente à prorrogação dos trabalhos, até porque ao longo de toda uma vida pública, onde eu sempre fui respeitoso com todos os meus colegas, extremamente respeitoso, eu vi, hoje, pela primeira vez alguém vir à tribuna e dizer: agora vou criticar o Ver. João Dib, e não deixou o Ver. João Dib falar. E eu estou sempre atento, sempre pronto a responder. Por isto era necessário que essa Sessão continuasse, até porque, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou provar que a maior imobiliária dessa Cidade chama-se Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E vou provar, na face da Lei, que tudo que a Prefeitura está fazendo é para tomar impunemente os terrenos que hoje estão desocupados. Anotem bem o que eu disse agora, a Prefeitura pretende tomar impunemente todos os terrenos que hoje estão desocupados, e não tem como construir em todos eles, mesmo vendendo os índices que ela vende, que é a grande imobiliária, vende tudo, vende o ar, a Prefeitura de Porto Alegre ainda quer tomar a terra. Mas se nós usássemos os índices do Plano Diretor, sem vender índices, nós colocaríamos dois milhões e quatrocentos mil habitantes, mas a lei que eu tive o prazer de votar contrariamente, que o Prefeito usa como referência no seu Veto, é feita para tomar posse, se apropriar de todos os terrenos de Porto Alegre que não estão construídos e é por isto que eu fico profundamente triste, que não haverá prorrogação da Sessão.

Mas na sexta-feira pela manhã eu estarei aqui com a mesma disposição para dizer que eu debato, que eu critico, que eu sou contundente, sim, mas o faço sempre com dados na mão. Eu quero ser contrariado, quero ser contraditado, da mesma maneira que eu faço. Eu não entendo alguém dizer: “vou criticar o Vereador João Dib”, e quando o Vereador João Dib lhe pede um aparte - é meu amigo o Vereador Giovani Gregol, e S. Exa. sabe que eu gosto dele - diz: “não lhe dei o aparte”. Eu apenas tinha pedido o aparte; S. Exa. poderia dizer: “não lhe dou o aparte”. Mas a fúria de dizer qualquer coisa contra João Antônio Dib é tão grande, que S. Exa. esqueceu da atenção e do carinho que eu sempre lhe dediquei.

De qualquer forma, a minha Bancada vota favoravelmente à prorrogação da Sessão. Sexta-feira eu vou provar que a Prefeitura quer tomar todos os terrenos desta Cidade sem pagar nada. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Vereador Guilherme Barbosa se inscreve para encaminhar a prorrogação da Sessão por duas horas, em nome da Bancada do PT.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há um orador que assumiria a tribuna neste momento, para encaminhar. É da cortesia parlamentar a ouvida de S. Exa., para depois fazermos a verificação de quórum, até porque a própria chamada nominal pela prorrogação da Sessão já seria uma prorrogação. Então, vou fazer um apelo ao Vereador João Dib, no sentido de que retire essa Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador Isaac Ainhorn, não se trata de Questão de Ordem. O apelo deveria ser feito pessoalmente. Questão de cortesia parlamentar é uma coisa, Regimento é outra. Portanto, vamos fazer a verificação de quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h20min.)

 

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